quinta-feira, 29 de maio de 2008

Réquiem por um Amor sem Fim

Madileuza da Conceição


Olhou com olhos de avó, tocou o bebê com cuidados exagerados de avó. Beijou com muito amor a testa da primeira netinha. E sentiu então que havia caminhado rápido estas quatro décadas. Maria da conceição sentiu-se realizada, casou, separou, criou as três filhas e compôs uma poesia.A noite a jovem avó foi ao rock, acompanhada da outra filha de vinte, ambas usavam preto. A filha de bermudinha, ela, um vestido preto com detalhe prateado aos ombros, contornando os seios de matrona que já possuia, pulseiras prateadas em ambos os braços, sandália e brincos prateados. Foi vestida de Surfista Prateado, sugar emoções. Tanto menino, tanta menina. Juventude feliz e alcolizada. E ela lá, undergrund, a filha ficou chata, essas angústias da mocidade. Ela arranjou namorado roqueiro e a filha não.Legal essa cendeirice da maria. Amor de homem jovem... primeiro ela disse que não, se ele tivesse dezessete daria processo, ele apressou-se em dizer que tinha vinte e um. Que o peito dela, a bunda dela, valeria até o inferno, prisão então. Menino atrevido, pegada de homem. Maria da conceição caiu.Ele lhe abraçava namoradinho, coração batendo forte como a bateria da banda no palco. Poesia. Sabe-se o que é aos quarenta anos só chamar namorado de amigo. O seu coração que há muito não estava ali, havia sido sequestrado por um poeta do mal, finalmente havia sido devolvido.O nome do louro namoradinho, José Querubim, nome da banda dele, Funeral.


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O blog de Madileuza taí...

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