Edmar Oliveira
Esses cientistas voadores e suas máquinas maravilhosas! Pesquisas em Universidade da Califórnia fazem uma revelação, no mínimo assustadora, sobre a noção que tínhamos de felicidade. Segundo tais estudos a sensação de felicidade, perseguida pela humanidade deste muito, é herdada geneticamente. Isto é, está determinado por sua herança genética se você vai ser feliz ou não.
Lendo a notícia, minha mulher logo temeu pela sorte de nossos filhos, pois ela me tem em conta de uma pessoa reclamona, preocupado com o destino do planeta, pessimista, enfim, uma pessoa desprovida de carga genética ligada à felicidade. Eu não fiquei preocupado por não concordar com ela nem com a notícia. Primeiro, porque entendo que a dose de pessimismo nesta vida pós-moderna está muito próxima de ser realista. O otimista corre sério risco de se colocar muito longe dos acontecimentos reais. Depois, o futuro do planeta não parece apresentar uma saída nem para seu destino, como queriam nossos sonhos do século passado, nem para seu destino físico. E não sei como não reclamar dos absurdos da vida moderna que impõe uma posição consumista aos seus membros sociais. Estes são meus desacordos domésticos que, segundo minha modesta opinião, contribuem para o meu conceito de felicidade, já que seria uma felicidade a condição de não me subordinar ao que discordo.
De outro lado, a minha discordância da tal pesquisa. Confundir características no humor de pessoas diferentes, cujas exacerbações mais evidentes a psiquiatria moderna nomeia como transtornos afetivos, com a noção de felicidade é muito arriscado. Aqueles atributos podem até ter, em parte, causalidade genética, embora ainda sem provas definitivas. Felicidade não vem só daí. Tem todo um entorno conjuntural. Aliás, em entrevista com a pesquisadora chefa, que agora me foge o nome, a moça ressalta que a carga genética responde por 50 a 60 por cento. Os outros 40 poderiam ser atribuídos a uma paixão ou um aumento salarial. Ah, bom... Disso eu não duvido. Um aumento salarial faz uma felicidade enorme nas pessoas.
Não aceitando que sou infeliz por discordar e reclamar de muita coisa no mundo, acho, agora não de forma modesta, que este tipo de pesquisa respalda o uso de pílulas da felicidade, que em muito sustenta a indústria farmacêutica na fabricação de necessidade de medicamentos de uso contínuo. O que não deixa de ser mais uma das imposições da sociedade de consumo... E eu me sinto feliz em não engolir isto.
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