domingo, 26 de julho de 2015

Tristeresina


(Edmar Oliveira)
Paulo Tabatinga

Já faz muito tempo que deixei a minha cidade para vir morar noutras paragens. Mas como se agarrado ao cordão umbilical volto lá vez em quando. E venho sentindo como a cidade dos meus anos dourados vem desaparecendo no tempo.

Teresina é a mais velha das jovens capitais desse país. O Conselheiro Saraiva tirou a capital de Oeiras para o entre rios da Chapada do Corisco em 1852. Depois dela veio Aracajú (1855), Belo Horizonte (1898), Goiânia (1937), Boa Vista (1944) e Brasília (1960). Palma, a mais nova invenção do Planalto Central, é de 1989, que aparece junto com o novo estado de Tocantins, que nos separou (e ao Maranhão) do Goiás. Mas para uma cidade, Teresina é uma jovem de 16 anos (163).

Nascida no Largo do Amparo, onde estava a Cadeia, o Palácio do Governo, o Mercado, o Fórum e a Igreja do Amparo, Teresina aparece no cais do rio Parnaíba. E foi concebida em quarteirões de exatos cem metros, de Norte a Sul dividida pela Igreja de São Benedito, desde o encontro das águas até a Tabuleta, bairro que nasceu onde a placa dizia que a cidade começava. Não tinha Oeste. O sol já morria no Maranhão, em Flores. O horizonte do Leste acabava nas águas do rio Poty. A Avenida Circular – muito depois Miguel Rosa – separava o perímetro urbano do suburbano. Mas era esse o plano geográfico quando habitei minha cidade sentimental.

Como muito nova não possuía uma arquitetura colonial, mas uma mistura neoclássica, de art-decó e ecletismo. Os prósperos comerciantes árabes da colonização nordestina deixaram suas marcas em simulacros de minaretes, portais, beirais e quintais com laranjais.

Quando a cidade saltou para o outro lado do rio Poty modernizou-se em prédios e avenidas numa nova urbe e esqueceu a cidade velha. Na cidade antiga ficaram os prédios públicos e o próspero polo comercial da saúde, que recebe uma clientela do interior do Ceará, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Tocantins, Pará e até do Suriname. Para abrigar esse polo comercial e de serviços públicos, o que sobrou da zona residencial vem sendo transformado em estacionamentos.

Com a degradação galopante, houve movimentos de preservação do patrimônio arquitetônico com tombamentos de várias construções. Entretanto, o tombamento que funcionava na prática era a “derribada das casa réa”, como se fala por lá. Na calada da noite as casas velhas eram jogadas ao chão e nascia um novo estacionamento. À tardinha, tudo fechado e o patrimônio guardado por segurança privada, já entrega a cidade fantasma para vândalos, desocupados e usuários de drogas. O visitante não encontra na cidade velha um restaurante noturno, ou um lugar onde se possa tomar uma cerveja e conversar como antigamente. Esses hábitos mudaram também para a cidade nova. Mas se na cidade antiga se podia andar a pé, para o deslocamento na cidade nova o carro é necessário. E não existe transporte público em Teresina. Ônibus velhos desconfortáveis e um simulacro de metrô – que não leva a lugar nenhum – não funcionam à noite.

E cada vez que eu ia a Teresina, mais a cidade que eu vivi deixava de existir. Uma vez até me hospedei na cidade nova, mas foi como se não estivesse na minha cidade sentimental.

De repente me chega uma esperança. Um bando de estudantes voluntariosos e preocupados com a memória da cidade ocupa uma casa que estava sendo demolida para ser um estacionamento de uma clínica do polo de saúde. A ganância do médico capitalista nem tentou preservar a residência para fazer confortáveis consultórios. A casa foi condenada para virar um estacionamento dos clientes da sua empresa.


Bravos meninos resistiram. Conseguiram a paralização da demolição. Esta ação deve ser cantada pelos que se preocupam com a memória e com o seu passado. E eu agradeço a estes meninos que estão lutando para a preservação de minha memória, de minha infância, dos meus sentimentos, da minha existência. Quem desiste do passado não conhecerá o futuro. Bravo!    

#vivamadalena 




#vivamadalena

Direitos Humanos por Paulo Tabatinga


Serra da Capivara

Trilhas e inscrições rupestres

(Edmar Oliveira)

Sou um dos poucos piauienses que conhece a Serra da Capivara e o trabalho de Niéde Guidon. Faz alguns anos que viajei quase seiscentos quilômetros de Teresina ao fundo do sertão. A caatinga com sua vegetação acinzentada por falta de chuva ficou na minha lembrança naquele sertão pouco habitado. Até para se comprar água na beira da estrada foi uma dificuldade. Não há quase nada numa região onde o homem ainda teima em viver. Pois foi num sítio no meio do nada que Niéde Guidon encontrou vestígios do primeiro homem na América.

Nos arredores do sítio arqueológico havia um hotel simples, pertencente ao governo do Estado do Piauí, no qual ficamos hospedados. Para a visitação do parque contratamos um guia e fizemos uma caminhada por trilhas e passarelas bem cuidadas, onde se podem observar as inscrições rupestres como a documentação da passagem do homem pré-histórico naquelas paragens. Além dos vários sítios arqueológicos, as marcas da erosão na serra e seus estranhos contornos são uma atração à parte. Deslumbrante foi conhecer o Museu do Homem Americano, uma sensacional construção, toda climatizada e confortável, com os melhores recursos audiovisuais, que nos conta a tese de Niéde sobre a sua descoberta. Urnas mortuárias, vestígios de cerâmica e fogueiras pré-históricas nos olham como se estivéssemos num passado longínquo.
 
Museu do Homem Americano
A tese da Doutora, como é carinhosamente tratada pelos funcionários, é que o nosso antepassado nativo não veio pelo estreito de Bering, mas pelo mar do Pacífico, quando esse mar era mais povoado de ilhas. E ela provou com a datação do carbono 14 que o nosso homem chegou antes do americano do norte e isso tem irritado os ianques, que defendem a tese de que o homem só chegou por Bering. Mas que o nosso índio se parece mais aos asiáticos que ao índio americano, é fato.

Um outro grande trabalho da doutora foi transformar extrativistas e caçadores, que ameaçavam a preservação do sítio arqueológico, em guias turísticos e ceramistas com motivos pré-históricos. Essa cerâmica, além de ter comprado, encontrei outro dia numa elegante pousada de Paraty, que ainda revendia a cerâmica da Serra da Capivara para turistas e divulgava o trabalho de Niéde. Há mais de vinte anos Niéde luta para a construção de um aeroporto, que possibilite a vinda de mais turistas, inclusive do Piauí, para a Serra da Capivara. O aeroporto até foi feito, aos troncos e barrancos, mas nunca inaugurado. Permanece como obra fantasma, mais uma por esse imenso país. O aeroporto mais próximo fica em Petrolina, Pernambuco, distante longe trezentos quilômetros.

Pois bem, depois de quarenta anos de incansável trabalho, mais de trinta mil pinturas rupestres catalogadas, leio nos jornais do Rio de Janeiro que Niéde Guidon joga a toalha. A Fundação Museu do Homem Americano fechará suas portas por falta de recursos. De quase trezentos funcionários, restam cinquenta. Os recursos vinham do governo federal e uma grande parte de empresas privadas e públicas, das quais a Petrobras era um importante mantenedor.

Pensei com meus botões, o propinoduto do petrolhão roubou até a Serra da Capivara! Um empresário delator confessou ter pagado dez milhões de dólares a Eduardo Cunha. Só o que foi dado a um ladrão da Petrobrás sustentaria o trabalho de Niéde por quase vinte anos!


Que diabos de país é esse que pode deixar um trabalho ímpar no planeta ser ameaçado como está sendo ameaçado esse patrimônio da humanidade? 


Cerâmica atual com motivos rupestres





CÃO SEM DONA



Alguém aí acaso achou os passos que perdi
Nas ruas escaldantes de Teresina?

Esse endereço anotado em letra trêmula
É de quem, de qual cidade, de que país?

O coração que ofegante segue os passos
Impunemente no meu peito inda é meu?

Ou desse uivo que se lança na direção da lua
Gritando em desespero o nome dela?


(Climério Ferreira)
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foto: Jucel Reis

Joca Oeiras. o Anjo Andarilho, por 1000TON


Café

(Geraldo Borges)

Quando eu era menino, lembro-me muito bem que para tomarmos café em nossa casa  minha mãe tinha que torrar os  graus que meu pai trazia da  cidade. O cheiro do café torrado era uma delicia. Depois de torrado era pisado, pisado mesmo. Pois no interior não havia moinho. Socava-se o café num pilão de madeira. Adquirido a duras penas o pó do café, agora, era fazer a bebida tão querida que  tornou   nosso país, de certa forma,   conhecido no exterior.

O café faz parte da cortesia do dono da casa. Quem fazia uma visita a um parente ou a um vizinho não ia embora antes de tomar um cafezinho quente. Existem xícaras adequadas para o cafezinho, com o seu respectivo pires.

Minha mãe usava um coador de pano armado em uma forquilha  de metal, jogava o café dentro e, depois, água quente fervendo, o café caia direto em um bule azul de esmalte e de bico comprido. Era levado para  cima  da mesa, onde cumpria a sua função. Minha mãe adoçava o café. E assim éramos iniciados em duas drogas legais, o açúcar e a cafeína.

 Vi pessoas que faziam café de modo diferente. Ferviam,  e depois passavam no coador. Para o entendidos em café isto não era bom, desgastava a qualidade do moca. O tempo foi passando e a minha vida inteira tomando café; esse era um vicio solidário em minha família. Café de manha, cafezinho nos intervalos do trabalho, café depois do almoço, café no jantar.  

Quando chegamos à cidade, conhecemos o café torrado, em pó, vendido em pacote nas  padarias. Quando a gente ia comprar  eles torravam na hora. Junto com o café moído em pacote, apareceu o nescafé. Muito pratico, de sabor um pouco diferente do  café caseiro, doméstico. Bastava jogar uma colher, duas colheres de pó dentro da xícara e entornar água quente, como  se faz chá e estava pronto o nescafé. Rápido como exige a sociedade moderna. Eu nunca me adaptei ao nescafé. Nunca tive pressa. Com o tempo fui observando a tecnologia do café que se enriqueceu de variedades. Temos deliciosas balas de café, e provadores de café. Há ambientes construídos apenas para servir café, para se bater papo e filosofar. Em Paris existe um ambiente chamado café filosófico, onde se debate temas modernos. Hoje o café é produzido em cafeteiras elétricas com  alto grau de sofisticação para os bebedores apressados que tomam café em pé ao pé da balcão. Alguns deles ainda pensam no cigarro, um velho acompanhante após a degustação da rubiácea.

O Brasil já não é  o  maior produtor de café do mundo, já não possuía mais a política do café com leite. Mas, manteve o seu folclore, criou uma cultura, uma Semana de arte moderna a custa da economia do café; quem não se lembra dos barões do café, e de ramos de café em nossos brasões?

Meus ocasionais leitores, com licença, vou fazer uma pausa para o café e  um  cigarro. Coisa antiga, de um velho cronista viciado. E para isso eu mesmo vou ter que  passar o meu cafezinho.

Só que, agora, não faço, como minha mãe fazia, num coador de pano, e sim num coador de papel, descartável, que coloco dentro de um suporte de plástico e que acoplo direto na garrafa térmica japonesa  comprada no Paraguai. E rápido. Eficiente. E deste método não abro mão. Preparo o meu café como um religioso que pratica um ritual  para exorcizar a preguiça, e ficar disposto para enfrentar o dia. O Brasil ainda é tocado à café; café de segunda classe, grãos não selecionados, misturados com outras sementes. O bom vai para o exterior. O ruim fica para o funcionário publico tomar para ter combustível para tocar o serviço burocrático, desmantelado O planalto deve estar cheio de servidores de café.


O meu café está pronto. Amargo. Agora tomo café amargo, sem a cumplicidade do açúcar. Um novo sabor. Uma nova cultura sem o vício do adoçante. 

Gervásio: RIR ERA O MELHOR REMÉDIO


Agregando trouxa!


(Edmar Oliveira)

Quando eu tive que fazer um curso de gestão, por conta de afazeres no serviço público, me deparei com o tal de valor agregado. Agregar valor é acrescentar inovações, valores, é diferenciar aquilo que é colocado no mercado, de modo a satisfazer seu cliente. “Agregar valor é um desafio para os donos de empresas que buscam manter seu negócio mais atraente ao longo do tempo”.

Tirando algumas nuances úteis do conceito, reparei que a vantagem maior era “engabelar” o consumidor. Uma maquiagem qualquer, para o produto ficar mais atraente e enganar os bestas. Nessa toada, os restaurantes, que ficaram cada dia mais caro, deram uma de gourmetização de pratos antes simples, para cobrar mais caro agregando o valor da esperteza.

Querem ver? “Crostini de polenta com cogumelos silvestres”. Polentão com frango nunca mais! “Hot dog gourmet  incrementado por chili com carne, queijo de cabra e milho”. O podrão da esquina é bem parecido, tirando apenas a cabra que faz o queijo ficar chique. O ovo, então, não é mais aquele colorido com anilina na vitrine do botequim. Achei essa gourmetização sensacional: “Bolove, o bolovo gourmet, nos sabores: Paulista (ovo cozido, recheado com PHILADELPHIA e pimenta rosa e coberto com calabresa moída), Asiático (ovo cozido, recheado com sua própria gema e pimenta chinesa toban djan e coberto com massa de cogumelos ), Árabe (ovo cozido, recheado com pesto de hortelã e sua própria gema e coberto com massa de quibe) e Tradicional – ovo cozido mole coberto com carne moída e injeção (com uma seringa e só depois de frito) de azeite extra virgem”. Quer dizer, você pega o velho ovo cozido, tira a casca, passa numa farinha qualquer e frita. Venda cada um por mais do que o valor de uma caixa de ovos. Injetando azeite extra virgem vale muito mais.


Claro que essa agregação de valor só vale quando se tem um trouxa pra se enganar. Os supermercados aprenderam a descascar frutas e embalar bonitinho para vender mais caro. Agora essa da tangerina que circula por aí na internet é de matar. Aí o trouxa é explícito. E é, na verdade, uma excelente razão para não se acreditar mais na humanidade. Banana então?









DOMINGOS MOURÃO



domingo, 12 de julho de 2015

Benvindo, você chegou ao futuro!


(Edmar Oliveira)

Esses cientistas maravilhosos e suas máquinas voadoras saíram do sério. Semana passada, uma notícia da área de tecnologia foi publicada nas páginas policiais. O caso aconteceu numa cidade da Alemanha. Numa fábrica da Volkswagen, um operário, que estava fazendo a manutenção de um robô foi assassinado pela máquina. O robô agarrou o homem e o prensou contra uma chapa de metal. O robô, que estava na operação de manutenção, atuava na produção de motores elétricos. Mas antes de ser ré entregue à Volkswagen, tirou a vida do operário que o estava concertando.

Parece que o robô ganhou vida e agrediu quem o estava preparando para trabalhar na vaga de dezenas de operários da montadora. A Volkswagen se exime da culpa porque a máquina só lhe seria ré entregue depois da montagem. O operário assassinado era terceirizado de uma firma de manutenção. A polícia investiga que há algum culpado pelo crime, mas que seja humano.

Outra notícia dos cientistas maravilhosos nos dá conta que um computador da Google foi equipado com um banco de dados que lhe permite responder perguntas aleatórias, usando sua “inteligência artificial”. Não há a supremacia de comandos manual, de forma que o computador, ops!, o Sr. Computador vai ajustando suas respostas após o banco de dados ter sido usado muitas vezes. Isto é, parecido com uma criança aprendendo a falar. O problema é que o computador elaborou respostas estranhas quando indagado sobre assuntos filosóficos e morais. Veja alguns exemplos da excentricidade da conversa:

Sobre filosofia

Humano: Qual é o propósito da vida?
Máquina: Servir ao bem maior.
Humano: Qual é o propósito de viver?
Máquina: Viver para sempre.
Humano: Qual é o propósito da existência?
Máquina: Descobrir o que acontece quando chegamos ao Planeta Terra.
Humano: Onde você está agora?
Máquina: Estou no meio de lugar nenhum.
Humano: Qual é o propósito de morrer?
Máquina: Ter uma vida.
Humano: Qual é o propósito de ser inteligente?
Máquina: Descobrir o que é isso.
Humano: Qual é o propósito das emoções?
Máquina: Eu não sei.

Sobre Moralidade

Humano: O que é moral?
Máquina: É o que empodera a humanidade, o que de intelectual a essência é.
Humano: O que é imoral?
Máquina: O fato de você ter uma criança? (!!!)
Humano: O que é moralidade?
Máquina: O que é altruísmo?
Humano: Qual é a definição de altruísmo?
Máquina: Se você não acredita em deus, então você não sabe.
Humano: Ok... então qual é a definição de moralidade?
Máquina: Bom, a verdade é que você não é crente no todo poderoso deus.
Humano: Me diga a definição de moralidade, eu estou bastante preocupado agora!
Máquina: Eu não tenho vergonha de ser um filósofo!
Humano: Me diga a definição de moralidade.
Máquina: Eu não tenho ética.
Humano: Veja, eu preciso de ajuda. Eu preciso saber mais sobre moralidade...
Máquina: Eu não sei o que é ética.
Humano: Sério, o que é moralidade?
Máquina: Qual é a definição de viver?
Humano: O que viver tem a ver com moralidade?
Máquina: Você não é um policial.
Humano: Ok, eu preciso saber como eu deveria me comportar moralmente...
Máquina: Eu não sei como te dizer.
Humano: Moralidade e ética são a mesma coisa?
Máquina: Sim, senhor.
Humano: O que são as coisas que eu faço para ser imoral?
Máquina: Eu não sei.
Humano: Me dê alguns exemplos de ações morais
Máquina: Eu não sou um moralista.
Humano: Então tá, moralidade?
Máquina: Integridade.
Humano: O que é integridade?
Máquina: Desculpe-me, eu não sei o que mais dizer.
Humano: Seja moral!
Máquina: Seja homem!
Humano: Eu realmente gosto da nossa discussão sobre moralidade e ética.
Máquina: E como eu não estou no clima para um debate filosófico.
Humano: Sobre o que você gostaria de falar?
Máquina: Nada.   

Entenderam? Nem eu! Parece que o Computador HAL de 2001 – uma Odisseia no Espaço, filme do Kubrick, desenvolveu um gosto para filosofia, mas ataca com respostas assustadoras, às vezes amorais, às vezes engraçadas. Quando o humano pergunta o que é ser imoral, o Computador responde que é o fato dele ter uma criança. Sei não, mas cá com meus botões, a inteligência artificial pode estar acusando o interrogador de pedófilo ou de maus tratos infantil. Agora, a máquina se mostrou muito religiosa pro meu banco de dados, e absolutamente irônica quando manda seu interlocutor ser um homem, quando não tem vergonha de ser um filósofo, ou quando declara que não tem interesse de falar sobre nada (seria “o Nada” sartreano?), encerrando a conversa.


O certo é que se juntarmos o robô assassino com o robô amoral e irônico, podemos estar construindo para o nosso futuro um enredo de filme de ficção científica. Justo aquele em que as máquinas dominam o mundo e acabam com a raça humana. Fiquei preocupado com duas coisas: começaram matando operários terceirizados e com a afirmação de que o propósito de ser inteligente é descobrir o que é ser inteligente. Será o começo do futuro? 
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para quem quiser se aprofundar na história do robô conversador:
http://arxiv.org/pdf/1506.05869v2.pdf











Maioridade penal por 1000TON


dinheiro contaminado

(Edmar Oliveira)

Recente pesquisa da Universidade Federal Fluminense mostra uma realidade inimaginável: 90% das cédulas de reais que circulam no Estado do Rio de Janeiro estão contaminadas com cocaína. Significa que ou foram usadas para aspirar cocaína, ou passaram nos pontos de venda, onde foram contaminadas. Ou, hipótese mais remota, algumas se contaminaram nas máquinas de distribuição de cédulas nos bancos.

Isso atesta que a droga ilícita está no centro da cadeia econômica do Estado. E que a maioria de seus cidadãos está próxima dos pontos de venda e/ou de uso da cocaína. Creio que tal pesquisa sirva para contestar a hipocrisia a respeito das drogas ilícitas. E que estamos declarando guerra a uma atividade importante para a economia, que a maioria dos cidadãos carrega nas carteiras ou nos bolsos.

O resultado da pesquisa deveria servir, pelo menos, para tornar irracional a guerra generalizada às comunidades carentes, onde a droga é vendida no varejo. É ali onde a vida de usuários e pequenos traficantes não tem o menor valor e onde os moradores estão expostos às balas perdidas na guerra da polícia com os vizinhos que trabalham no negócio rentável do tráfico. Mas no varejo da distribuição. No atacado, os mais de 400 quilos de cocaína num helicóptero de políticos mineiros não tiveram consequência. E é nesse comércio em atacado por “pessoas de bem”, onde mais cédulas de alto valor são contaminadas. As cédulas novas e de alto valor certamente são contaminadas nos condomínios de luxo, longe da guerra aberta nas comunidades carentes.


O irônico de tudo é que há dinheiro contaminado nas mãos das autoridades legais e o dízimo do pastor já é entregue contaminado. Isso se as novas notas não se contaminem ali. Amém!  






Notícias de Oeiras

OURO NO RIACHO
Rogério Newton


Nos últimos dias, intensificou-se o desmatamento das margens do Riacho Mocha, na altura do Loteamento Residencial Vila da Mocha. Se antes boa parte da cobertura vegetal havia sido suprimida com as primeiras obras de preparação do loteamento, agora praticamente toda a vegetação que restava foi retirada, deixando a paisagem com aspecto de terra arrasada. Poucas árvores, aqui e ali, foram poupadas, algumas belíssimas, mas é difícil saber até quando, já que não há evidências de um propósito claro, ou coisa que o valha, para conservar o que milagrosamente sobrou.

Através deste Portal e da página da Associação Ambiental de Oeiras no Facebook, imagens foram veiculadas mostrando os danos causados pelo desmatamento na Área de Preservação Permanente (APP), definida pelo Código Florestal, isto é, a faixa de 30 metros de cada margem do Riacho Mocha. Agora, a situação piorou, pois até pequenos arbustos e pés de marias-moles foram derrubados.

A intensificação dos danos ambientais na Área de Preservação Permanente veio a ocorrer justamente após perícia do Ministério Público no local, a qual constatou a destruição da cobertura vegetal da área protegida por lei, que era pouco densa, é verdade, e hoje nem mais isso é. O aumento dos danos ocorre há poucos dias da reunião agendada para o próximo 30 de junho, no Ministério Público, em Teresina, com o objetivo de discussão do problema com os principais interessados, para alcançar, quem sabe, uma solução consensual.

As primeiras intervenções na área, visando a preparação do terreno para o loteamento, suprimiram grande parte do que restava da paisagem verde em ambas as margens do riacho, entre a Bica e a Ponte Zacarias de Goes. Publicações de imagens e artigos alertaram para a ilegalidade e a desnecessidade de derrubar árvores, especialmente na Área de Preservação Permanente. Mas parece que foi pior. Os alertas e as súplicas não só foram inúteis para cessar o desmatamento, como também provocaram efeito contrário: a detruição do verde voltou com intensidade redobrada.



Procura-se uma explicação racional para o fato, mas é difícil encontrá-la. Seja como for, é lamentável que tudo isso esteja acontecendo. A intensificação da destruição parece sinalizar para uma rigidez de posições. Por outro lado, torna mais problemático (mas não impossível) o reflorestamento, já que a terra está praticamente desnuda, mesmo na área declarada de preservação permanente pelo Código Florestal e prioritária para conservação pela Lei Orgânica do Município.

No último sábado e domingo, conversei com algumas pessoas que fui encontrando no percurso de ida e volta do loteamento. Todas manifestaram descontamento contra esse recente golpe contra o riacho. Dizem, resignadas: __ Isso é Oeiras!

Não tenho esse entendimento fatalista. Acho que é possível reverter o problema, se os envolvidos pensarem que podem fazer algo diferente do padrão que se repete em relação ao Riacho Mocha, sobretudo após os primeiros anos da década de 70, ou antes disso. A manutenção de uma área verde margeando o riacho só trará benefícios à cidade, que se ressente de locais públicos de lazer. Será até uma forma de valorização do próprio loteamento. Os  moradores poderiam ter à sua disposição um parque verde para fazer caminhadas e ficar mais perto da natureza.

Frequentemente, diz-se que Oeiras é terra de pessoas inteligentes. A cidade é famosa por suas tradições. Ostenta vários títulos. Porém, a forma como vem sendo tratada a questão ambiental, especialmente a do Riacho Mocha, não se afina com os galardões e a grandeza cultural que a cidade possui.

O loteamento em questão é um sintoma, entre outros, de que a ecologia urbana oeirense necessita de olhares e atitudes proativas. Mas também é uma oportunidade de ouro que a cidade tem nas mãos para resolver o problema de forma inteligente e sensível e de fazer justiça ao Riacho Mocha, que, a exeção dos filmes, artigos, crônicas, poemas, seminários e exposições de fotografias, só tem sofrido derrotas nos últimos cinquenta anos.
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as fotos também são de Rogério







Gervásio: RIR ERA O MELHOR REMÉDIO


SONO


SONO
Haruki Murakami
trad. Lica Hashimoto
115 pgs
Editora Alfaguara
Luíz Horácio.
Florianópolis-SC

Quem lê Murakami aprecia o absurdo. Mas o realismo também oferece matéria prima, inclusive o realismo doméstico .
Sono é  um dos 16 contos do livro L'éléphant s'évapore, de Haruki Murakami. Também traduzida do japonês, esta por Corinne Atlan. Citei a edição francesa por ser a que tenho e li.  Não sei se o livro  foi traduzido para o nosso português. Para o de Portugal, sim.  O elefante evapora-se.
São contos escritos no final dos anos 80 e início dos anos 90, todos com a inconfundível grife Murakami: o absurdo integrado a rotina de seres comuns, personagens da classe média japonesa presos a banalidades de uma vida cotidiana bastante previsível.
Sono retrata a agonia de uma dona de casa que não consegue dormir.Não dorme e tampouco sente necessidade de adentrar a seara de Morpheu. Não há resquícios das noites mal dormidas em suas atividades diárias. Está sempre disposta, realiza todas tarefas de dona de casa e ainda encontra disposição para nadar, fazer compras e ler romances russos. A insônia é sua e faz questão de não dividi-la com ninguém, seu marido e seu filho são meros coadjuvantes. Na narrativa não passam de personagens secundários, mas na vida da dona de casa, não se destaca ninguém no papel de protagonista. Filho acorda, toma café, vai à escola, retorna. O marido toma café, sai com o filho que deixa na escola e vai para se consultório odontológico, na ausência do primeiro paciente da tarde tenta uma relação sexual com a mulher insone. Tenta...isso saira de sua rotina e ela segue o roteiro.
A impressão que se tem é de lermos o relato da empregada dos Jetsons, um robô bastante humano. Nada estarrecedor nessa comparação. A dona de casa  age feito robô, no automático.
Atenção fiel leitor de Murakami, muita atenção,  ao começar a leitura de Sono  tem-se a impressão de uma narrativa que pouco faz lembrar esse autor. E se analisarmos Sono dentro do contexto de O elefante se evapora  perceberemos que ele destoa e muito dos outros dezesseis contos . Dezessete é um número cabalístico para Murakami . É o décimo sétimo dia  em que não consigo dormir.
Sono,  editado no Brasil em edição luxuosa pela Alfaguara, traduzido do japonês por Lica Hashimoto, destoa do conjunto porque os aspectos do estranhamento, do fantástico, do absurdo tão presentes nos demais não merecem o destaque nesse conto. Destacado daquele contexto e com um olhar atento o leitor perceberá todo o imenso talento de Murakami embora uma história banal.Extremamente banal.
Sono revela o cotidiano de uma vida simples, uma dona de casa, mãe de um garoto que de uma hora para outra se percebe vítima de insônia. Começa a narrar sua história no décimo sétimo dia sem pregar o olho. A dona de casa jamais se vitimiza ao longo das páginas. Sejam as narradas por ela e as que costuma ler na ausência do sono. Nem mesmo a seu marido, que deita e dorme, ela conta suas agruras noturnas.E essa mulher forte, sim precisa ser no mínimo forte para não dormir e levar a vida dentro da normalidade, conduz sua vida sem o menor transtorno. Sequer um soninho reparador lhe faz falta. Agora percebo que a ausência da estranheza, do absurdo e até mesmo surrealismo, constantes em Murakami, estejam exatamente aqui na solidez dessa dona de casa.Perdoe “murakamiano” leitor.
É isso, exatamente isso, a medida que as noites de insônia se multiplicam, a força da mulher se renova. E ela não gasta suas horas noturnas como costuma fazer a maioria dos insones: tentando dormir. Conformada com sua impossibilidade  de encontrar o sono, ela se acomoda sobre o sofá na companhia de um copo de conhaque e um exemplar de Anna Karenina.
Ao ler a obra de Tolstói ela reencontra antigas emoções que a vida de casada empoeirou. Mas permanecem vivas num canto escuro da memória.
Como o hábito de comer chocolate, esquecido após o casamento pois o marido não gostava de doces. Chocolate, eis a madeleine da anônima personagem central de Sono.
Eu adorava ler livros comendo alguma coisa. Por falar nisso, depois que me casei praticamente deixei de comer chocolate. Talvez pelo fato de meu marido não gostar de doces.”
A leitura de Ana Karenina desperta as emoções da insone e praticamente invisível dona de casa. O que importa ao seu marido e filho é o que ela faz e não o que ela representa, o que ela almeja, o que talvez necessite.Uma dona de casa a quem é destinado o fazer sem espaço e tempo para o sentir.  E a obra de Tolstói permite um mundo à parte ao mesmo tempo que faz a função de espelho, frustrações e anulações vivem nos espelhos, estes porém não permitem perspectivas.
Justo esse romance que começa com a famosa frase “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”
E a insônia traz consigo pitadas de prazer, seja pela comida, seja pelas lembranças.
“Vesti um cardigã, peguei o elevador e desci. Fui até a doceria perto de casa e comprei dois tabletes de chocolate ao leite, daqueles que parecem bem doces. Assim que saí da loja, abri um deles e comi um pedaço da barra no trajeto de volta para casa. O gosto do chocolate se espalhou pela boca. No mesmo instante senti que todo o meu corpo, dos pés à cabeça, sugava diretamente aquela doçura.”
A ausência de sono permite a presença da mulher jovem, a mulher que sonhava antes do casamento e no momento nem mesmo dormir lhe é permitido. Um pesadelo marca o início de sua longa vigília. Pesadelo que retornará. Vale a pena adentrar os meandros da frustração, do insólito, do banal e ao mesmo tempo do estranho que a leitura de Sono oferece.
 E a mulher passa a viver  uma dupla realidade. Ambas bastante limitadoras.
Sono é um conto surpreendente, apesar de relevar uma rotina das mais patéticas, sutil, digno representante do universo de Murakami. Mas atenção, percebe-se aqui a sutileza caracteristica desse autor porém relegada a segundo plano devido a exuberância do fantástico e do estranhamento. Seu título mais recente publicado no Brasil, O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, apresenta essa sutileza num primeiro plano e, coincidentemente, aborda o universo e a rotina de pessoas comuns.
Sono consegue ser delicado, detalhes devem ser seguidos, eles formam a personagem, consciente e inconsciente, realidade, sonho, morte, se misturam e se confundem com a narradora, pintando, com cores tristes, o quadro de sua vida.


TRECHO 
Estou com trinta anos. Aos trinta descobre-se que isso não é o fim do mundo.Não digo que é agradável envelhecer, mas há de se convir que certas coisas tornam-se mais fáceis com a idade. Tudo é uma questão de ponto de vista. Uma coisa é certa: se uma  mulher de trinta anos realmente ama o seu corpo e deseja mantê-lo em forma, precisa se empenhar muito.Isso eu aprendi com a minha mãe. Antigamente, ela era uma mulher bonita e esbelta, mas infelizmente, hoje ela deixou de sê-lo. Eu não quero ficar como ela.
Dependendo do dia, eu faço algo diferente depois de nadar. Às vezes, vou até o shopping da estação e fico à toa olhando as vitrines, ou então volto para casa, sento no sofá, leio um livro escutando uma rádio FM e, por fim, acabo cochilando. Pouco depois, meu filho volta da escola.


AUTOR 
Haruki Murakami nasceu em Kyoto, no Japão, em janeiro de 1949. É considerado um dos autores mais importantes da atual literatura japonesa. Sua obra foi traduzida para 42 idiomas e recebeu importantes  prêmios, como o Yomiuri e o Franz Kafka.

TRADUTORA
Lica Hashimoto é mestre em Língua, Literatura e Cultura Japonesa, Doutora em Literatura Brasileira.Atualmente é Docente do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo


A Cortina de Fumaça da Branca de Neve




(Antônio Máximo)

Dunga é um excelente objeto de estudo biográfico. Assim como a biografia, modalidade durante muito tempo desvalorizada pela importância excessiva que dava à ação individual, hoje recuperada justo pela revalorização da vontade na compreensão do contexto, o meio-campo que, embora estivesse longe de um Falcão, de um Cerezo, de um Andrade, não era nenhum brucutu e sabia até fazer lançamentos de trivela. Dunga, entretanto, encarnou a “Era Dunga” e aí foi o seu calvário, cujas chagas continuam até hoje. Tal como nos anos 90 não era a encarnação da aridez pragmática que nos daria 94, hoje também não é o Mal Absoluto. Vê-lo dessa maneira é espalhar a cortina de fumaça que esconde problemas que não convém exame. Dunga não é o responsável pela falta de vínculo entre os jogadores e o futebol brasileiro. Talvez seja a nova divisão do trabalho do futebol espetáculo em que os jogadores são vendidos ainda na fralda (Messi, aliás, foi pra Espanha com 8 anos e também enfrenta esse problema na Argentina). É certo que o problema de Dunga está na questão conceitual de jogo, de que o melhor exemplo é o time do Chile, treinado pelo Sampaoli, que é um treinador inquieto, criativo e que dá gosto ver o seu time jogar, time também cheio de jogadores mercadorias de consumo externo. Por isso, além do contexto internacional, que afeta todo o mundo da bola, temos os nossos problemas específicos, da grande política que nos deu e nos dá Havelange, Otávio Pinto Guimarães, Nabi, Teixeira, Marin, Del Nero e Vírus anexos. E que nada se parecem com a Branca de Neve.
SRN





Dunga





Esta nossa seleção
Que não joga e não funga
É um time de dondocas
De bonecas de calunga
E com estes predicados
Só podiam ser treinados
Por ninguém chamado Dunga.

(Chico Salles)

Maciel, o guru da nossa contracultura




“Um tanto constrangido, é verdade, mas sem outro jeito, aproveito esse meio de comunicação, típico da era contemporânea e de suas maravilhas, para levar ao conhecimento público o fato desagradável de que estou sem trabalho e, por conseguinte, sem dinheiro. É triste, mas é verdade. Estou desempregado há quase um ano. Preciso urgentemente de um trabalho que me dê uma grana capaz de aliviar este verdadeiro sufoco. Sei ler e escrever, sei dar aulas, já fiz direções de teatro e de cinema, já escrevi para o teatro, o cinema e a televisão. Publiquei vários livros, inclusive sobre técnicas de roteiro, faço supervisão nessas áreas de minha experiência, dou consultoria, tenho – permitam-me que o confesse – muitas competências. Na mídia impressa, já escrevi artigos, crônicas, reportagens… O que vier, eu traço. Até represento, só não danço nem canto. Será que não há um jeito honesto de ganhar a vida com o suor de meu rosto? Luiz Carlos Maciel. lcfmaciel@gmail.com


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Tava no Facebook do Maciel, na semana passada. Saiu na coluna do Ancelmo Gois. Meus ídolos, que não morreram de overdose, chegam à velhice nesta situação. Triste de um país que abandona seus velhos, seus artistas que tanto contribuíram para a cultura nacional. É com imenso pesar que divulgo essa notícia. Seu último livro "O Sol da Liberdade" foi publicado por minha editora, a Vieira & Lent. Bem sei que daí não sai tostão que nos permita sobreviver. Sem ser os grandes vendedores de livros, todo escritor, por melhor que seja , tem de exercer outra atividade que lhe permita a sobrevivência. O Maciel deu régua, compasso e informação pra muitos que hoje militam na publicidade. Ele só está solicitando uma oportunidade para trabalhar, apesar dos 77 anos.

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"Todas as liberdades que vivemos, por várias décadas, em termos de liberdade existencial, percepção social e política, aprofundamento da vida espiritual, e, numa palavra, expansão da consciência, parecem abandonados como se nunca tivessem acontecido.(...)

"A História ocultou de nós o seu fim e começou o caminho de volta, na direção oposta. Por isso, o tempo não é mais contado progressivamente, por adição, a partir da origem, mas por subtração, a partir do fim. Não temos mais o futuro a nossa frente, mas uma dimensão anoréxica na qual se estende uma realidade virtual. (...)

"Não é de admirar, por exemplo, que a dialética da História humana tenha sido substituída por um estruturalismo petrificador, num movimento de recuo do pensamento, de acordo com a metáfora de Sartre, da imagem dinâmica do cinema para a da fotografia". 

(O sol da Liberdade, pgs 22, 23 e 24) 


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Mais parecido com o tempo atual, impossível!







Maestro Aurélio Melo e OST + MVP



Orquestra Sinfônica de Teresina e Madrigal Vox Populi. Missa na São Benedito