(Edmar Oliveira)
Quando eu tive que fazer um curso de gestão, por conta de
afazeres no serviço público, me deparei com o tal de valor agregado. Agregar
valor é acrescentar inovações, valores, é diferenciar aquilo que é colocado no
mercado, de modo a satisfazer seu cliente. “Agregar valor é um desafio para os
donos de empresas que buscam manter seu negócio mais atraente ao longo do tempo”.
Tirando algumas nuances úteis do conceito, reparei que a
vantagem maior era “engabelar” o consumidor. Uma maquiagem qualquer, para o
produto ficar mais atraente e enganar os bestas. Nessa toada, os restaurantes,
que ficaram cada dia mais caro, deram uma de gourmetização de pratos antes
simples, para cobrar mais caro agregando o valor da esperteza.
Querem ver? “Crostini de polenta com cogumelos silvestres”.
Polentão com frango nunca mais! “Hot dog gourmet incrementado por chili com carne, queijo de
cabra e milho”. O podrão da esquina é bem parecido, tirando apenas a cabra que
faz o queijo ficar chique. O ovo, então, não é mais aquele colorido com anilina
na vitrine do botequim. Achei essa gourmetização sensacional: “Bolove, o bolovo
gourmet, nos sabores: Paulista (ovo cozido, recheado com PHILADELPHIA e pimenta
rosa e coberto com calabresa moída), Asiático (ovo cozido, recheado com sua
própria gema e pimenta chinesa toban djan e coberto com massa de cogumelos ),
Árabe (ovo cozido, recheado com pesto de hortelã e sua própria gema e coberto
com massa de quibe) e Tradicional – ovo cozido mole coberto com carne moída e
injeção (com uma seringa e só depois de frito) de azeite extra virgem”. Quer
dizer, você pega o velho ovo cozido, tira a casca, passa numa farinha qualquer
e frita. Venda cada um por mais do que o valor de uma caixa de ovos. Injetando
azeite extra virgem vale muito mais.
Claro que essa agregação de valor só vale quando se tem um
trouxa pra se enganar. Os supermercados aprenderam a descascar frutas e embalar
bonitinho para vender mais caro. Agora essa da tangerina que circula por aí na
internet é de matar. Aí o trouxa é explícito. E é, na verdade, uma excelente
razão para não se acreditar mais na humanidade. Banana então?
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