domingo, 12 de julho de 2015

dinheiro contaminado

(Edmar Oliveira)

Recente pesquisa da Universidade Federal Fluminense mostra uma realidade inimaginável: 90% das cédulas de reais que circulam no Estado do Rio de Janeiro estão contaminadas com cocaína. Significa que ou foram usadas para aspirar cocaína, ou passaram nos pontos de venda, onde foram contaminadas. Ou, hipótese mais remota, algumas se contaminaram nas máquinas de distribuição de cédulas nos bancos.

Isso atesta que a droga ilícita está no centro da cadeia econômica do Estado. E que a maioria de seus cidadãos está próxima dos pontos de venda e/ou de uso da cocaína. Creio que tal pesquisa sirva para contestar a hipocrisia a respeito das drogas ilícitas. E que estamos declarando guerra a uma atividade importante para a economia, que a maioria dos cidadãos carrega nas carteiras ou nos bolsos.

O resultado da pesquisa deveria servir, pelo menos, para tornar irracional a guerra generalizada às comunidades carentes, onde a droga é vendida no varejo. É ali onde a vida de usuários e pequenos traficantes não tem o menor valor e onde os moradores estão expostos às balas perdidas na guerra da polícia com os vizinhos que trabalham no negócio rentável do tráfico. Mas no varejo da distribuição. No atacado, os mais de 400 quilos de cocaína num helicóptero de políticos mineiros não tiveram consequência. E é nesse comércio em atacado por “pessoas de bem”, onde mais cédulas de alto valor são contaminadas. As cédulas novas e de alto valor certamente são contaminadas nos condomínios de luxo, longe da guerra aberta nas comunidades carentes.


O irônico de tudo é que há dinheiro contaminado nas mãos das autoridades legais e o dízimo do pastor já é entregue contaminado. Isso se as novas notas não se contaminem ali. Amém!  






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