(Edmar Oliveira)
Recente pesquisa da Universidade Federal Fluminense mostra
uma realidade inimaginável: 90% das cédulas de reais que circulam no Estado do
Rio de Janeiro estão contaminadas com cocaína. Significa que ou foram usadas
para aspirar cocaína, ou passaram nos pontos de venda, onde foram contaminadas.
Ou, hipótese mais remota, algumas se contaminaram nas máquinas de distribuição
de cédulas nos bancos.
Isso atesta que a droga ilícita está no centro da cadeia
econômica do Estado. E que a maioria de seus cidadãos está próxima dos pontos
de venda e/ou de uso da cocaína. Creio que tal pesquisa sirva para contestar a
hipocrisia a respeito das drogas ilícitas. E que estamos declarando guerra a
uma atividade importante para a economia, que a maioria dos cidadãos carrega
nas carteiras ou nos bolsos.
O resultado da pesquisa deveria servir, pelo menos, para
tornar irracional a guerra generalizada às comunidades carentes, onde a droga é
vendida no varejo. É ali onde a vida de usuários e pequenos traficantes não tem
o menor valor e onde os moradores estão expostos às balas perdidas na guerra da
polícia com os vizinhos que trabalham no negócio rentável do tráfico. Mas no
varejo da distribuição. No atacado, os mais de 400 quilos de cocaína num
helicóptero de políticos mineiros não tiveram consequência. E é nesse comércio
em atacado por “pessoas de bem”, onde mais cédulas de alto valor são
contaminadas. As cédulas novas e de alto valor certamente são contaminadas nos
condomínios de luxo, longe da guerra aberta nas comunidades carentes.
O irônico de tudo é que há dinheiro contaminado nas mãos das
autoridades legais e o dízimo do pastor já é entregue contaminado. Isso se as
novas notas não se contaminem ali. Amém!
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