Ana Cecília Salis
Pois me sento à beira...
Nos arredores daquele escuro
Daquele susto de baixar os olhos...
De ninguém querer...
Pois olho para aquele buraco...
Sei bem a cara dele...
Pois não fujo...
Ele me pertence... Eu sei.
E enquanto aguardo alguma coisa
Que me erga
Distraio o lápis...
E de letra em letra
Vou colorindo o que posso
E enquanto espero que a vida me solte
Vou cravando as unhas
Nessa pedra imunda que me impede o passo
E enquanto você...
Não me aparece
Vou suturando os cortes
Da ferida à fantasia...
Dos contados sonhos da alegria
De um dia que me voltes...
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foto: Luiza Baldan
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