domingo, 3 de julho de 2011

Enquantos, buracos


Ana Cecília Salis

Pois me sento à beira...
Nos arredores daquele escuro
Daquele susto de baixar os olhos...
De ninguém querer...
Pois olho para aquele buraco...
Sei bem a cara dele...
Pois não fujo...
Ele me pertence... Eu sei.
E enquanto aguardo alguma coisa
Que me erga
Distraio o lápis...
E de letra em letra
Vou colorindo o que posso
E enquanto espero que a vida me solte
Vou cravando as unhas
Nessa pedra imunda que me impede o passo
E enquanto você...
Não me aparece
Vou suturando os cortes
Da ferida à  fantasia...
Dos contados sonhos da alegria 
De um dia que me voltes...
________________________
foto: Luiza Baldan


Nenhum comentário: