Olá Edmar!
Não sei se você lembra de mim. Sou Paula, meses atrás você me concedeu uma entrevista via e-mail pra ajudar em meu trabalho de conclusão de curso. Quero parabenizá-lo pelo lançamento do seu livro Von Meduna no Salipi, adquiri o livro, mas ainda não tive tempo de lê-lo por conta das obrigações do TCC.
Andei pesquisando em alguns jornais da década de 70 e encontrei uma entrevista sobre um espetáculo chamado Udy Grudy no Jornal O Dia.
A matéria, que inclusive está em anexo, traz como coordenador do evento Antonio Noronha e, como diretor, "Edvar Oliveira". Gostaria de saber se você lembra desse episódio artístico que aconteceu em 1973, em Teresina, e se você participou como diretor, pois estava pensando que esse nome "Edvar" poderia ter sido um erro de redação do jornal e que, na verdade, seria você o diretor do espetáculo.
O esclarecimento dessa dúvida e o mergulho nas suas memórias serão de grande validade para o meu trabalho.
Obrigada, mais uma vez, pela sua atenção!
Abraço,
Paula Poliana.
Respondi, não sem antes pensar que esses meninos vão desencavar o passado dos velhos:
Paula,
Como você foi desenterrar essa história! Mas conto como foi: a Boite Beira-Rio ficava no encontro das avenidas Maranhão e José dos Santos e Silva. Era do empresário Miranda, pai da hoje cantora Ana Miranda. Como Ana era uma pessoa do nosso grupo, pedimos que ela convencesse ao pai montarmos o espetáculo. Pedro Veras, artista no Rio de Janeiro e já falecido, estava de férias em Teresina. Pierre Baiano era um agitador cultural da época na cidade topou participar também (ele já é falecido também). Arnaldo Albuquerque (ainda mora ai no Barrocão e prestigiou o lançamento de von Meduna), era o nosso maior talento: cineasta, pintor, desenhista, quadrinista. Gordo (Rubem) que mora hoje em Fortaleza e Jacó (baterista dos Brasinhas, famoso conjunto da época que tinha o hoje reconhecido Renato Piau, parceiro de Luís Melodia) faziam parte dos músicos, entre outros.
Pois bem, Antônio Noronha (o pediatra que mora ai em Teresina hoje) bancou a produção do show. Arnaldo fez os cenários maravilhosos. Eu era o "diretor" (metido por não ter talento musical). Fizemos um show que se passava numa boite (o cenário do Arnaldo: um cabaré dentro do outro) e fizemos um show com declamação de poesias (Fernando Pessoa estava recém-descoberto) e música. Homenageávamos um programa brega do Roque Moreira (locutor que cedeu seu nome ao grupo musical atual) "Seu Gosto na Berlinda". E o que era para ser num final de semana (quinta, sexta, sábado e domingo), caiu no gosto do público e durou por um mês e meio (acho). Na divisão do dinheiro da bilheteria vim pela primeira vez ao Rio de Janeiro.
E obrigado por desencavar aquela foto. Eu sou o cabeludo de óculos em destaque na foto.
Udigrudy era uma definição tupiniquim do Pasquim para o Underground americano.
Acho que é isso.
Edmar Oliveira
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