Gisleno Feitosa
Primeiro aviso ao Doutor
Que não sou um humorista.
Meio metido a escritor,
Sou um ginecologista.
O que eu quero é dizer
Deste modo singular
Pra você compreender
Nosso jeito de falar.
Forte, é o cabra da peste
Que come pirão-de-parida.
Que nasce aqui no Nordeste
E não reclama da vida!
Ser macho que só preá
Ou que tenha o cunhão roxo,
É o nome que se dá
Àquele que não é frouxo.
O que não usa a rola,
Tem brinquinho e “ôi de briba”
É qualira ou baitola
Ou comedor de mirindiba.
“Home” que mexe as cadeiras
Rebolando sem parar,
Pode ser só brincadeira,
Mas se não deu, “inda” dá.
Banco Central, não é BC?
Aqui, é Bete Cuscuz;
Casa que deixa você
Sem o que a outra produz ($).
Pernilongo é muriçoca.
Chicote se chama açoite.
Farofa aqui é paçoca.
Tardinha é boca da noite.
Cheiro ruim é catinga.
Carta coringa é melé.
“Mangueira” é nome de pinga
E comprimido é caché.
AVC é congestão.
Desistir é defecar.
O impotente é capão.
Dar à luz é descansar.
Tem bolo doce e salgado.
Tem tapioca e pudim.
Maria Izabel e assado.
Tem matrinxã e surubim.
Cambica de buriti,
Mão-de-vaca e panelada,
Tem doce de bacuri
Peta, chouriço e cocada.
Baião de dois, já provou?
Nossos capote e lingüiça?
Bolo frito e corredor,
Faz padre perder a missa.
Terminando, a saideira,
Eu te confesso, Parente:
Esta trova é brincadeira
Com quem faz pouco “darrente”!
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Só explicando: mirindiba é um arbusto do cerrado que dá uma fruta apreciada pelo comedor da foto acima. Bete Cuscus, quem é do piauí sabe onde e o que é. Vou explicar mais não!
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