domingo, 17 de julho de 2011

BRIC. Países Emergentes


Geraldo Borges


         Brasil, Índia, Rússia e China. Bric. Algum economista novidadeiro inventou essa sigla para rotular esses países como emergentes.

Antigamente o Brasil era um país simplesmente explorado, no tempo em que a bolsa família era o leite pau de índio doado pela aliança para o progresso, depois inventaram uma palavra nova para a sua situação econômica, país subdesenvolvido.  Mais tarde criou-se um novo eufemismo, um país em desenvolvimento. Hoje. É um país emergente, já foi subversivo. E estes tais de subversivo estão conduzindo o barco. Emergindo.

         E a Índia? A Índia é Milenar. Sempre viveu de suas virtudes budistas e de seus deuses coloridos, nos deu de herança o nome de nossos silvícolas. Convive com seus magos, faquires, encantadores de serpentes, vacas sagradas, carmas e reencarnações.

 Foi colônia britânica. E graças à luta persistente de Gandhi junto ao seu povo tornou-se independente do Império Britânico que soube muito bem tirar proveito das grandes navegações com seus piratas oficiosos. A índia sempre foi reconhecida no mundo pela sua cultura exuberante, seus mistérios, sua teosofia. Antes mesmo de o Brasil dizer viva Cabral, a Índia já estava comerciando com Portugal. Eles por lá não estão nem se importando se são emergentes ou penitentes, com tanto que o seu rio Ganges seja sagrado e eles possam sepultar suas santas cinzas no seu leito, e recitar seus mantras.

E a Rússia? Que já foi santa Rússia, com seus mujiques, almas mortas, popes, judeus, tão antiga quanto a Índia e mais asiática do que européia. O que é que ela era no século passado, no tempo da Guerra Fria e no jogo a bipolaridade entre União Soviética e EUA. Não era uma potencia? Foi quem primeiro mandou um astronauta para o espaço. Era o quê? Parece que era subversiva, pelo menos no conceito dos democratas.  Hoje é emergente, segundo o conceito dos economistas de plantão. A Rússia tem um legado literário de fazer inveja à Europa, figuras como Gogol, Tolstoi, Tchecov, Dostoiévski. Mais contemporaneamente Pasternak. Premio Nobel. E tem uma linha de trem só comparada a dos EUA e da China. Sem estradas de ferro país nenhum se moderniza. Aproveito para citar o poeta Ariano Suassuna que diz (...) e lembro-me do papel decisivo dos trens na formação dos dois maiores países modernos, os Estados Unidos e a Rússia. E eu pergunto onde estão as ferrovias brasileiras?

         Sim. A China. Que ficou por muito tempo agachada dentro de suas muralhas, até sair para ocupar um lugar decisivo na UNU, e fazer parte do clube atômico, e imprimir a famosa bandeira de que o imperialismo é um tigre de papel, hoje é temida pelo mundo inteiro, e já colocou a Europa no chinelo, desbancando a Alemanha que era  segunda economia do mundo. Por isso mesmo não entendo como é que a China é um país emergente. Na verdade a China é um planeta, está em outro plano de realidade e visão nas relações mundiais

Como é que a China pode ser emergente ao lado do Brasil se hoje é a segunda potencia econômica do planeta? Inventora da pólvora, do macarrão e dos dragões. Não entendo os critérios de avaliação dos economistas de plantão, estes magos dos números e dos gráficos baseados em estatísticas fantásticas.

Lembro-me que antigamente só se falava nos tigres asiáticos: Hong Kong, Coréia do Sul, Singapura, Taiwan. Sua economia foi “desenvolvida” através do modelo exportador, mercado interno fraco, mão de obra barata, governo forte, entrou em crise. Ninguém fala mais em tigres Asiáticos. Viraram tigres de papel mal desenhados pelo Imperialismo americano e japonês. Coisa do século passado. Talvez o Brasil seja uma onça pintada com porteiras na dentadura, e que pode até rosnar, mas não faz medo.

O Brasil não passa de um menino levado, Macunaíma, que ainda não sabe o que é serio. E de repente é colocado no meio de povos milenares, Dono de uma vasta cultura, muito além dos nossos mitos  e como premio de consolação ganha a primeira letra da sigla. Bric, quando na verdade devia ser a última. Crib. Detalhes. Os detalhes ajudam muitas vezes a confirmar hipóteses. Nelson Rodrigues disse que temos o complexo de vira lata. Será? Acho que não. Pois sempre queremos sentar nos primeiros lugares. Quer tenhamos mérito ou não.

2 comentários:

Netto de Deus disse...

Pois agora sem os vira-latas, que vinguem os méritos.
Falar em aves de agouro, hienas... Está de volta a tal da tisunami, só que agora menos apocalíptica: só "onda", mas com sabor de devastação.
Só pode ser doença, insanidade.
A Argentina foi eliminada pelo Uruguai dentro de casa. Hoje, a "incha messiânica" dos "hermanos" vai torcer contra a seleção do Mano da Globo, que um dia também foi minha.

amaral disse...

irmão thalibah, o guru tem razão, minha, tua ou nossa, é tudo ilusão, de repente essa seleção pode simplesmente querer firula ou desconcentrar em torno de seu umbigo, já que não possuimos a bendita e milenar disciplina do faquir. tudo bem, " mais sofreu nosso primo judas."