
Paulo José Cunha 
Não fui convidado.
Apenas acordei aqui,
o cálice entre as mãos,
e, ao meu lado, 
a ampulheta partida. 
Nem sei a hora
em que a orquestra tocará
o último acorde. 
Apenas permaneço,
expectante.
E já nem quero 
que me apareça
alguém de vestido diáfano
e olhos de cristal.
(Já me daria por satisfeito 
se pelo menos me explicassem
porque riem tanto)
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desenho: Amaral
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