domingo, 30 de maio de 2010

O CÁLICE DE KAFKA



Paulo José Cunha



Não fui convidado.

Apenas acordei aqui,


o cálice entre as mãos,


e, ao meu lado,


a ampulheta partida.



Nem sei a hora

em que a orquestra tocará


o último acorde.





Apenas permaneço,


expectante.


E já nem quero


que me apareça


alguém de vestido diáfano


e olhos de cristal.




(Já me daria por satisfeito


se pelo menos me explicassem


porque riem tanto)



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desenho: Amaral

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