quinta-feira, 10 de julho de 2008

Não-se-pode

Geraldo Borges

Era uma vez na antiga Teresina
Uma mulher Não Se Pode um fantasma
De aparição em aparição sua sina
De tanto fumar morreu de asma.

De noite aparecia em um quarteirão
Pedindo cigarro a um desacompanhado
E se esticava para acendê-lo no lampião
Deixando o transeunte muito assustado.

Às vezes pelas noites em solidão
Acendo um cigarro em meu apartamento
E sinto na fumaça a sua aproximação.

E espio a rua pela janela na ilusão
De quem sabe na magia do momento
Eu coloque um cigarro em sua mão
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Pra quem não é da terra: Não-se-pode era o nome de uma assombração que assustava Teresina no tempo dos lampiões de querosene na iluminação urbana. Ela aparecia como uma moça bonita, escondida na bruma da noite, pedia um cigarro e se esticava para acendê-lo no lampião. A deformação se fazia na frente dos meninos que fumavam escondidos...
Geraldo Borges faz um belo poema em nome da lenda.

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