quinta-feira, 30 de abril de 2009

BOTAFOGUENSE





Edmar Oliveira

Embora me ache um realista a respeito dos acontecimentos em ocorrência no planeta, meus amigos me acham pessimista. Com certeza não sou um otimista por absoluta falta de crença no que a realidade me apresenta, e acho que o que chamam de pessimista não passa de um realista com os pés no chão. Mas não vamos aprofundar essa discussão. Concordo em ser pessimista, que fica muito mais próximo da realidade que o otimista. Este voa nos enganos das notícias. Só consigo voar nas asas da poesia. Mas não é disso que aqui se trata.

.
Pessimista, turrão, desconfiado, um pé sempre atrás, um antepé em falso. Não tenho a confiança que o sonho se sustenta depois de sonhado. Tem algumas coisas que só acontecem comigo. Por exemplo? Tentar trocar uma carrapeta da torneira e o vazamento ficar maior. Daí perder um tempo enorme na tentativa de um conserto e ter que chamar o bombeiro depois. Não podia ter chamado antes o profissional competente? Mas não. Primeiro me desespero em fazer o que não tenho a menor competência: serviços domésticos. Trocar uma lâmpada, pra mim, se constitui na possibilidade de queimar o circuito elétrico ou deslocar o bocal da lâmpada para fora do local ideal. Só pioro as coisas. Um incompetente doméstico, esse sou eu. E embora essas coisas não se confessem assim de público, como me atrevo a narrar, me parece que há muitos de machos incompetentes nos afazeres de homem nas tarefas domésticas. E também de serem tristes e pessimistas, como me chamam por aí. “Não conheço ninguém que tivesse levado porrada, todos os meus conhecidos tem sido campeões em tudo” nos versos de um Fernando Pessoa, já desconfiado com esse assunto...

.

Mas eu me descobri assim sem ser campeão em nada e apanhado muito da vida. E, surpreendentemente, um ateu convicto, sou supersticioso de fazer dó. O destino, o azar e o Sobrenatural de Almeida são muito mais reais que Deus nos desígnios dos acontecimentos. E devem existir muitos outros de nós por aí, mesmo que não confessemos de público. Senão não haveria torcida do Botafogo...
_____________
quando postei,nem sabia se o Botafogo ganhava ou perdia, o que não muda nada...

2 comentários:

Sandra Chaves disse...

Texto de Gabriel Barreira

Ser botafoguense é acreditar no imprevisível,
É acreditar no impossível.
É ser supersticioso.
Acreditar na sorte, nos céus,
Nos números, nos mínimos detalhes.
Imperceptíveis a um simples mortal.
É não ser um simples mortal.

É se emocionar ao cantar o hino,
cantá-lo em coro, fazendo do Maracanã, o lugar mais lindo do universo.
É ter a mais absoluta certeza de que tudo seria diferente se a gente estivesse lá
É um estado de espírito.
É ter alma e coração voltados a uma Estrela Solitária,

É fazer parte de uma história centenária, gloriosa.

É ser humilhado, rebaixado,
É voltar à Primeira Divisão
Comemorá-la como o maior título da história.
Mesmo não sendo um título.
É ficar 21 anos sem ganhar um campeonatinho.
E conquistá-lo tão gloriosamente,
Logo sobre o eterno freguês,
Num show de emoções e superstições

É sofrer (e, uma vez ou outra, comemorar)...
Com as coisas que só acontecem a nós...

É ter o mais fantástico jogador de todos os tempos,O mais profissional, competente, apaixonado e perfeito lateral esquerdo,
O maior descobridor de craques e filósofo da bola,
....
Ter um Manequinho mijão e o escudo considerado o mais bonito do mundo.

viegas disse...

como vc se diz um ateu convicto e é supersticioso, além de escrever Deus (com maiúscula), do lugar de deus (com minúscula), que é o correto para um ateu (que sou)?