quinta-feira, 16 de abril de 2009

Histórias do Conciliábulo

Edmar Oliveira




Além dos motivos afetivos que me levam ao Piauí todos os anos, tem também o motivo de colecionar histórias piauienses. Em Teresina, a confraria conhecida como Conciliábulo - que se reúne aos sábados e domingos no bar do Chicão - é o cenário propício para se contar histórias e beber cerveja. Sempre que estou na terra vou ao Conciliábulo para rever velhos amigos e pescar algumas histórias para a minha coleção.
Desta feita, o Tadeu me mandou estas duas pérolas. A primeira, jura o Tadeu que é a mais pura verdade, conta o causo de um teresinense ilustre, modelo de virtude e nata da alta sociedade, já na velhice com todos os filhos “bem criados”. Tadeu cita, entre os filhos do ancião, um deputado conhecido, um médico e um delegado de polícia. Pois bem, o ilustre cidadão, que durante toda a vida fora modelo de virtude, na velhice deu para ir à zona quase todo dia e à tarde, que o velho dormia cedo. E aquela mudança de comportamento estava deixando toda a família em situação vexatória. A vizinhança já tava comentando nos bares da redondeza e na padaria da esquina. O filho mais velho convocou uma reunião familiar para discutir a questão e encontrar uma solução. E assim abriu a reunião com toda a família presente: dizia ele que a situação estava insustentável, que a sua mãe já estava constrangida e que o pai tinha que ser mais comedido nas incursões ao baixo meretrício. O discurso moralista corria solto como uma reprimenda ao comportamento do velho, quando esse interrompeu o nobre deputado:
- Vocês conhecem a mãe de vocês?
Silêncio no recinto. O velho continuou em tom imperativo, como costumava ser:
- Conhecem nada! A questão é que aqui em casa tá uma sovinice de priquito que é um caso sério!
Silêncio e encerrada a reunião familiar com cada membro indo procurar o que mais fazer...




***
A outra história do Tadeu veio de Oeiras, sua terra natal. Oeiras é famosa por seus músicos e seus loucos, o que, alguma das vezes, vitima o mesmo cidadão. Conta o Tadeu que numa vez chegou à cidade um paulista que toda semana faturava uma moça da alta sociedade. Todo fim de semana o estrangeiro comia uma nova moça oeirense. Pois bem, a situação era insustentável e uma comissão de senhores da terra, depois de deliberar a questão, foi ter com o delegado exigindo uma atitude em defesa da honra dos cidadãos oeirenses. O delegado disse, para a perplexidade de todos, que não podia fazer nada, que não constava que alguma moça tenha sido forçada, que parecia que elas, de bom grado, aceitavam o assédio do estrangeiro. Mas, prosseguia o delegado, ele próprio concordava que alguma coisa tinha que ser feita. Encarando todo mundo, perguntou se não tinha homem entre eles, deixando no ar a possibilidade de vingança.
- Ter tem - respondeu ligeiro um cidadão – Mas ele num quer não. Ele gosta mesmo é de mulher...

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