Desta feita o capitão Nascimento não é o desejo do mal do filme anterior. Ele se humaniza em nós: enche de porradas o Álvaro Lins/Itagiba, denuncia os podres do Governador Garotinho\Rosinha\Cabral (que é tudo igual), expõe com competência a palhaçada e a picaretagem miliciana de Wagner Montes/Datena, prende o Jerominho\Natalino, se identifica com o deputado Marcelo Freixo (até deixa o cara comer sua ex-mulher para ficar mais parecido com ele), mas o Nascimento não é real. O Nascimento do Tropa 2 parece um arrependimento cristão do Padilha, diretor do filme. Que se não consegue matar o alter-ego de super-herói politicamente incorreto, mata seu amigo negro, o aspira André, que saiu da favela pra estudar na PUC e tava devendo ao "sistema".
Tecnicamente o filme é bom, e convoca ao aplauso cenas do correto 2, da mesma forma que convocava no 1, o politicamente incorreto. E que contribuiu para a esquerda achar o primeiro filme fascista, tendo saído da discussão do filme para a representação que ele criou nos espectadores. Mas ele era muito mais cinema que o 2. O Tropa 2 parece uma alegoria ao que conhecemos dos noticiários dos jornais. Se o Padilha chama atenção para a realidade, ao mesmo tempo converte o personagem de ficção num admirador do herói real, o deputado Freixo, que convocou uma CPI e ajudou no desmascaramento das milícias como um remédio muito pior que a doença. O agora tenente-coronel Nascimento chega mesmo a admitir que o BOPE tem culpa na formação das milícias e parte para uma briga com a sua consciência submetendo o personagem de ficção à realidade.
Agora que quase tudo é real no Tropa 2, o tenente-coronel Nascimento, subsecretário de Segurança, fica muito parecido com o tenente-coronel Saraiva Júnior que foi flagrado com uma carteira falsa de policial e participava da cúpula da Segurança Pública do Rio de Janeiro, chegando mesmo a representar o bom Beltrame, Secretário de Segurança do Rio, em reuniões oficiais. Como a arte imita a vida (ou o contrário) o tenente-coronel Nascimento antecipou o surgimento no real do tenente-coronel Saraiva Junior, que era um militar falso.
No tropa 2 falso é o capitão Nascimento por ter saído do Tropa 1, obra de ficção, para a realidade.
Republico abaixo a critica que escrevi sobre o filme Tropa de Elite, o primeiro, obra de ficção de verdade. Na época fui atacado por defender o filme fascista. Comparem as crônicas e os filmes.
Um comentário:
Faz "séculos" que eu escuto/vejo policiais bandidos - muitos infiltrados por concursos públicos - sendo expulsos com direito a teatro do comandante do momento pra dezenas de microfones/câmeras dos Datenas da vida pregressa das emissoras de TVs. E aí, o crime do "desempregado" fica por isso mesmo? Fica nada: adivinha qual a "firma" que vai contratar esse candidato com um currículum tão invejável?
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