Simão Curuca
Sei lá...
Sei nada.
Será que me cegaram o IAPI da Penha
Estupraram minha resistente utopiazinha
Assassinaram o menino bobo
Quebraram a generosidade do velho tolo
O que atrevessa meus olhos
O que arranha os recôndidos do que chamam alma
O que me coisifica, o que me glorifica
O que me emputece, o que me esclarece
Tava lá moleque, paralisado na voz, nos olhos, nos quase gestos...
paralisado nos sonhos. Nos sonhos?
Tava lá, na Figueiredo Magalhães,
esquina com Siva Castro,
o desempregado vendendo cajuzinhos.
(e eu que dei duas merrecas ao moleque
e tive vergonha de comprar os doces do desempregado,
e eu que chorava depois, tomando domecqs,
a miserabilidade dos seres
a onipotência dos haveres,
e, de porre, esgrimia meu ódio inútil
e minha fútil humanidade
e chafurdava em minha própria miséria
e me crescia em descrenças e desavenças
e me diminuia em gênero humano)
Sei lá..
Sei nada.
Não fossem as meninas
que mandam flores virtuais
que me falam de jabuticabas
e mandam o Enem tomar no cu,
o que seria d'eu?
A não ser o cão das lágrimas de Saramago
O que lambe prantos
E mantém a zoohumanidade entre despojos de lixo e cadáveres.
nota des/necessária:
1. a metáfora das jabuticabas, embora linda, tem tantos "donos", inclusive de um Pastor, que me parece do bem, chamado Ricardo Gudim (acho que é este o nome) que realmente não sei a origem; tendo a acreditar no Mario de Andrade;
2. as flores vituais mandei-as aos meus amigos; meu irmão Edu respondeu com a mesma emoção que aquelas violetas virtuais suscitaram;
3. a referência ao Enem é da minha filha, que, graças aos céus, só puxou ao pai nos palavrões. Podia ser pior;
4. como já não tenho idade para a boiolagem, acho mesmo é que estou ficando babaca.
Um comentário:
bravo Simão Curuca, filhas que puxam aospais não degeneram!
Postar um comentário