Ana Cecília Salis
Um dos poucos filmes que
me fez chorar
inclusive no dia seguinte
Camila Morgado fez de Olga
Uma mulher que morre
Com o corpo nu
e a alma calçada de butinas
Uma mulher que morre
com um último olhar
Profundo azul
Cenário do orgulho
de um dever cumprido
e do desamparo,
das dores de fêmea
que conhece o parto
que ama um homem
que deixa para frente
uma história
para contar
sobre mais que um ideal,
sobre que há de plural
em um corpo esquálido
de mulher
que não transige,
que luta,
até o último minuto
pela dignidade
de ser
simplesmente humana...
Parabéns Camila
Parabéns Jayme
Obrigada, Olga...
Ao reler o que escrevi sobre o filme “OLGA”, fui levada a refletir sobre o que haveria de semelhança e diferença entre a arte da interpretação no cinema e na clínica psicanalítica. Chamou-me atenção o fato de ter encontrado e me referido a Olga através de Camila Morgado, ou através da interpretação, em ato, de Camila sobre o sujeito Olga.
Um ator quando entra em cena, tem que despir-se de si para se deixar tomar por um personagem e fazer valer sua interpretação. Tanto mais afastado de sua história pessoal, de suas idiossincrasias, mais apto estará a incorporar e transmitir veracidade ao seu personagem. E será nesta exata medida que nós expectadores teremos a oportunidade de nos emocionar, refletir e até mesmo nos identificar a estes personagens. E não seria de todo equivocado pensarmos que estes momentos, muitas vezes mágicos, muitas vezes trágicos, sejam capazes de promover mínimas retificações na maneira de conduzirmos nossas vidas...
E um analista? Tal como um bom ator, este também deverá entrar e participar da “cena” analítica, despido de si, de seus ideais, para emprestar-se às projeções dos personagens que compõe a(s) cena(s) contada(s) pelos sujeitos que o procuram. Em análise, estas cenas e personagens quando entregues à decifração, poderão, graças à boa interpretação de um analista, vir a redimensionar a vida de um sujeito. E assim, mais uma vez, em momentos por vezes mágicos, por vezes trágicos, poderemos em análise, nos emocionar, refletir e promover importantes mudanças em nossas vidas.
É curioso imaginar que nada sabemos sobre o sujeito “ator”, embora em sua arte ele nos traga a intimidade de seus personagens plurais. Da mesma maneira, é possível percebermos a importância de estarmos distanciados do “sujeito” analista para que possamos entregar-lhe nossa intimidade e nossos personagens. Será por este viés que um analista, em sua “arte”, irá interpretar-nos para, enfim, nos entregar ao que há de mais absolutamente singular em nós.
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Um dos poucos filmes que
me fez chorar
inclusive no dia seguinte
Camila Morgado fez de Olga
Uma mulher que morre
Com o corpo nu
e a alma calçada de butinas
Uma mulher que morre
com um último olhar
Profundo azul
Cenário do orgulho
de um dever cumprido
e do desamparo,
das dores de fêmea
que conhece o parto
que ama um homem
que deixa para frente
uma história
para contar
sobre mais que um ideal,
sobre que há de plural
em um corpo esquálido
de mulher
que não transige,
que luta,
até o último minuto
pela dignidade
de ser
simplesmente humana...
Parabéns Camila
Parabéns Jayme
Obrigada, Olga...
Ao reler o que escrevi sobre o filme “OLGA”, fui levada a refletir sobre o que haveria de semelhança e diferença entre a arte da interpretação no cinema e na clínica psicanalítica. Chamou-me atenção o fato de ter encontrado e me referido a Olga através de Camila Morgado, ou através da interpretação, em ato, de Camila sobre o sujeito Olga.
Um ator quando entra em cena, tem que despir-se de si para se deixar tomar por um personagem e fazer valer sua interpretação. Tanto mais afastado de sua história pessoal, de suas idiossincrasias, mais apto estará a incorporar e transmitir veracidade ao seu personagem. E será nesta exata medida que nós expectadores teremos a oportunidade de nos emocionar, refletir e até mesmo nos identificar a estes personagens. E não seria de todo equivocado pensarmos que estes momentos, muitas vezes mágicos, muitas vezes trágicos, sejam capazes de promover mínimas retificações na maneira de conduzirmos nossas vidas...
E um analista? Tal como um bom ator, este também deverá entrar e participar da “cena” analítica, despido de si, de seus ideais, para emprestar-se às projeções dos personagens que compõe a(s) cena(s) contada(s) pelos sujeitos que o procuram. Em análise, estas cenas e personagens quando entregues à decifração, poderão, graças à boa interpretação de um analista, vir a redimensionar a vida de um sujeito. E assim, mais uma vez, em momentos por vezes mágicos, por vezes trágicos, poderemos em análise, nos emocionar, refletir e promover importantes mudanças em nossas vidas.
É curioso imaginar que nada sabemos sobre o sujeito “ator”, embora em sua arte ele nos traga a intimidade de seus personagens plurais. Da mesma maneira, é possível percebermos a importância de estarmos distanciados do “sujeito” analista para que possamos entregar-lhe nossa intimidade e nossos personagens. Será por este viés que um analista, em sua “arte”, irá interpretar-nos para, enfim, nos entregar ao que há de mais absolutamente singular em nós.
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Publiquei Ana Cecília aqui, doutra vez, pelo caráter do blog, dinossauros do século passado entendendo a pós moderna idade. O texto fez tanto sucesso que foi o mais comentado do blog. Publico de novo, e aí a boa poeta, pra ver se estes psicanalistas estão de análises com o Piauinauta. Sem problemas, moços freudianos. Mas a moça é boa de opinião. E quando se é, dane-se o viés... Mande mais textos, o espaço tá garantido. (Edmar)
9 comentários:
Lindo poema! E mais uma vez, um excelente artigo. Leitura imperdível para o psicanalista inicante,que muitas vezes esquece de despir-se de si mesmo, e compromete a eficácia da terapia. Desponta uma excelente escritora. Não é de hoje que a Ana escreve bem.
E parabéns ao blog por prestigiar uma talentosa psicanalista, psicóloga e escritora em emergência.
Maria Beatriz Poglia. Advogada e Psicanalista. Porto Alegre, RS.
Aí, Ana, valeu, tá bacana, cadê meu autógrafo ?
Mais uma vez orgulhosa d´ÔCE.
Adélia Tavares
Brasilia
Ana Cecília, daqui a pouco eu vou querer te publicar tb! ;)
bjs
Vivian.
Nossa, que lindo!Não vi o filme, não tenho mais estômago para tanta violência, mas li o livro há mtos anos.
Liane Reis
Ana Cecília,
muito bom teu texto, significa, se expande em meio aos destroços e é de poucas palavras
parabens
jorge
Prima querida
Obrigada por me enviar os teus escritos.
E parabéns pelas publicações, merecidas e reconhecidas.
Fico feliz de te sentir de volta, e a bordo das palavras.
Flávia
Chile
Muito legal!Adorei!
Orgulho da sobrinha!Hehehe
Parabéns
Mariana
Ana,
Muito interessante o artigo. Comparação muito bem estruturada e, claro, muito bem escrita.
Parabéns,
Teu cunhado preferido,
Sergio
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