quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Teresina num supetão

Paulo Vilhena


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Edmar, O Piauinauta está, mais do que ótimo, necessário. Por favor, não deixe de fazê-lo. Vou escrever, aqui mesmo, "de supetão", uma pequena coisa e se você achar que deve editar, você sabe:

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Não é que Teresina seja uma cidade pequena. Quase um milhão de habitantes?Não é culpa nossa. Nem que seja uma cidade atrasada. Aqui convivem espécimes da raça de todas as origens. Nossos mamelucos são fidalgos, e nossos portugueses são loucos por negras e índias. Até abandonaram o coitado do Fidié, na guerra da independência.

Não que Teresina não tenha evoluído: as moças já não rodam na praça PedroII. O Teresina Shoping é bem mais confortável. O Atlantic City recebe abanda Calipso com uma estrutura que nada deve às melhores casas de show de Chicago. E se Hollywood era fashion, lascou-se: nós também temos nosso Beverly Hills. Na área da construção civil, aí é que ficou porreta:

Teresina tanto se internacionalizou (é a globalização), que estamos prontos para receber turistas do mundo inteiro. E com uma grande vantagem: nem precisamos mais falar português. The International Theresyna que o diga: Irineu'fotos, Pallazo Poty, Atlantic City, San Pietro Residence, Aldebaran Ville etc.

Sem contar a grande vocação que Theresina revela com relação à sua capacidade quase esperántica de atrair esses milhares de turistas, mesmo que venham de Caxias, Sobral ou - e olhe lá - Araripina.

Ontem mesmo fui testemunha desse fenômeno: a agência de um grande banco resolveu a poliglotia. No estacionamento, uma belíssima placa adverte:"parking rotativo".

O que Teresina não parece ter mesmo é a cafonice do passado. Aquela cafonice que fez e faz nossos filhos e os filhos dos nossos amigos honrarem o Piauí. Aquela cafonice que fez e faz dos piauienses campeões das disputas de vagas em vestibulares, em concursos públicos, em medalhas de ouro no esporte (A Sara Menezes não atrai mídia, a bola da vez é a"Gysele BBB), com a dignidade do silêncio.

O que Teresina não parece mais ter é uma década sufocada, que fez os jovens talentosos da cidade ousarem com o superoito, com belíssimos poemas e lindas músicas, com arrojados projetos culturais, com a coragem política e com o destemor das paixões. E com Chico Buarque. Porque nem existia televisão, e ninguém morreu. E nem existia "banda calipso", e ninguém ficou histérico.
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Recebi essa crônica do Paulo Vilhena, mestre em jornalismo, professor da Universidade Federal. O mais surpreendente e que fui, com meus colegas de época, objeto da tese do mestre: imprensa alternativa no Piauí. Isso traz orgulho com velhice, o que é uma merda...

Mas você sempre será bem vindo neste espaço, Paulo. (Edmar)

Foto da Igreja do Amparo: Patricia Basquiat.

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