domingo, 31 de março de 2013

Terremoto no Brasil


Edmar Oliveira
 
Um dia quando estava em Santiago do Chile vendo televisão, deitado, tive a sensação de que a cama andou um pouco no quarto. Logo depois a TV anunciava que acontecera um terremoto de 5.5 na escala Richter. Um pouco depois, conversando com chilenos, soube que 90% dos terremotos na terra acontecem lá (achava eu que era no Japão) e que eles aprenderam a conviver com os abalos quase diários. Minha curiosidade ficou sabendo que a engenharia do colonizador aprendeu com os índios mapuches a fazer prédios que não sucumbiam aos sismos. Essa tecnologia evoluiu e hoje um convênio com o Japão garante construções resistentes à maioria comum dos terremotos. E se você for construir a sua casa em seu terreno tem que obter uma certificação do governo que garante o cumprimento das normas técnicas. Por isso tive apenas a sensação de um embalo suave quando fui acometido de meu primeiro terremoto. Depois um guia turístico me dizia que o asfalto das estradas chilenas tem a garantia de vinte anos de durabilidade e a massa asfáltica recebe um tratamento que resiste a pequenos e médios terremotos sem ficar com rachaduras devido a sua composição elástica. Fiquei encantado com o aprendizado.

Retornando ao Brasil fiquei embasbacado como as construções do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, financiado junto a prefeituras pelo governo federal, ruíam como se fossem submetidos aos piores terremotos, que não acontecem nessa terra abençoada por Deus. Recentemente o estádio do Engenhão foi interditado por ameaça de queda da sua estrutura de ferro que sustenta a cobertura. E ele tem apenas cinco anos de inaugurado. O BRT, aqui no Rio de Janeiro, corredor expresso inaugurado a toque de caixa para garantir a reeleição do moleque Dudu, esburacou-se todo, ficando intransitado, com apenas cinco meses de uso.

Absurda a obra que está sendo feita no Maracanã. A maior laje em vão livre do mundo, com sessenta anos de uso sem nenhuma trinca, foi posta abaixo para se fazer uma cobertura tipo a que ameaça desabar no Engenho de Dentro. Irresponsabilidade política, num estádio que deveria ter sido tombado, monumento que foi do futebol mundial. Devemos esta às peraltices do moleque Dudu; ao financiamento das empreiteiras à eleição do Serginho, um Cabral matador de índios; e às alianças arrancadas dos dedos da Dilmona, o irritável poste do Lulinha.

A nossa construção civil, ao contrário do Chile, foi atingida por um terremoto 20% na escala da propina. Nosso abalo moral foi causado pela ganância dos empreiteiros e pela corrupção de nossos agentes públicos de fiscalização. Só não vem abaixo a falta de vergonha na cara de pau...   

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