Edmar Oliveira
Um dia
quando estava em Santiago do Chile vendo televisão, deitado, tive a sensação de
que a cama andou um pouco no quarto. Logo depois a TV anunciava que acontecera
um terremoto de 5.5 na escala Richter. Um pouco depois, conversando com
chilenos, soube que 90% dos terremotos na terra acontecem lá (achava eu que era
no Japão) e que eles aprenderam a conviver com os abalos quase diários. Minha
curiosidade ficou sabendo que a engenharia do colonizador aprendeu com os
índios mapuches a fazer prédios que não sucumbiam aos sismos. Essa tecnologia
evoluiu e hoje um convênio com o Japão garante construções resistentes à
maioria comum dos terremotos. E se você for construir a sua casa em seu terreno
tem que obter uma certificação do governo que garante o cumprimento das normas
técnicas. Por isso tive apenas a sensação de um embalo suave quando fui
acometido de meu primeiro terremoto. Depois um guia turístico me dizia que o
asfalto das estradas chilenas tem a garantia de vinte anos de durabilidade e a
massa asfáltica recebe um tratamento que resiste a pequenos e médios terremotos
sem ficar com rachaduras devido a sua composição elástica. Fiquei encantado com
o aprendizado.
Retornando
ao Brasil fiquei embasbacado como as construções do Programa “Minha Casa, Minha
Vida”, financiado junto a prefeituras pelo governo federal, ruíam como se
fossem submetidos aos piores terremotos, que não acontecem nessa terra
abençoada por Deus. Recentemente o estádio do Engenhão foi interditado por
ameaça de queda da sua estrutura de ferro que sustenta a cobertura. E ele tem
apenas cinco anos de inaugurado. O BRT, aqui no Rio de Janeiro, corredor
expresso inaugurado a toque de caixa para garantir a reeleição do moleque Dudu,
esburacou-se todo, ficando intransitado, com apenas cinco meses de uso.
Absurda a
obra que está sendo feita no Maracanã. A maior laje em vão livre do mundo, com
sessenta anos de uso sem nenhuma trinca, foi posta abaixo para se fazer uma
cobertura tipo a que ameaça desabar no Engenho de Dentro. Irresponsabilidade
política, num estádio que deveria ter sido tombado, monumento que foi do
futebol mundial. Devemos esta às peraltices do moleque Dudu; ao financiamento
das empreiteiras à eleição do Serginho, um Cabral matador de índios; e às
alianças arrancadas dos dedos da Dilmona, o irritável poste do Lulinha.
A nossa
construção civil, ao contrário do Chile, foi atingida por um terremoto 20% na
escala da propina. Nosso abalo moral foi causado pela ganância dos empreiteiros
e pela corrupção de nossos agentes públicos de fiscalização. Só não vem abaixo
a falta de vergonha na cara de pau...
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