
Geraldo Borges
Estou dentro de um trem, ao lado de uma janela, é um trem fantasma, que se dirige para a estação Teresina . Venho de volta de outro mundo, agora é para ficar, quando desço a estação não vejo ninguém me esperando, quem havia de me esperar... se eu não tinha combinado com viva alma. O trem resfolegava seus últimos estertores, as rodas estridentes ruíam os trilhos, comendo faíscas. Parece que tudo se esfumou.
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Resolvo sair do vagão de passageiros, coloco os pés na plataforma. São quatro horas da madrugada. A estação está deserta. Olho em volta. Parece que sou a única pessoas ali. Começo a andar para sair da estação, que tem teto bastante alto e janelas gótica. Mas para aonde vou? Meus pais estão mortos. Nossa casa já não existe mais, desmoronou. Bom. Nesse caso vou me refugiar em uma pensão, uma modesta hospedagem.
Resolvo sair do vagão de passageiros, coloco os pés na plataforma. São quatro horas da madrugada. A estação está deserta. Olho em volta. Parece que sou a única pessoas ali. Começo a andar para sair da estação, que tem teto bastante alto e janelas gótica. Mas para aonde vou? Meus pais estão mortos. Nossa casa já não existe mais, desmoronou. Bom. Nesse caso vou me refugiar em uma pensão, uma modesta hospedagem.
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Enquanto ia pensando cheguei perto de um táxi, que estava estacionando em fila ao pé da calçada; foi aí que me dei conta de que estava com as mãos abanando. Havia esquecido a minha mala no trem. Ouvi um passageiro, que saiu do nada, dizer. Gente, ele viaja sem bagagem. Tomei um susto. Onde estava a minha bagagem?
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Enquanto ia pensando cheguei perto de um táxi, que estava estacionando em fila ao pé da calçada; foi aí que me dei conta de que estava com as mãos abanando. Havia esquecido a minha mala no trem. Ouvi um passageiro, que saiu do nada, dizer. Gente, ele viaja sem bagagem. Tomei um susto. Onde estava a minha bagagem?
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Dei meia volta. Entrei no meu vagão. Procurei a mala em todas as prateleiras, debaixo do meu assento. No colo de um fantasma que tinha estado ao meu lado. Não a encontrei. A mala vinha cheia de presentes para os meus irmãos e velhos amigos.
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Começou a chover. Agora estou dentro do táxi ao lado do motorista, que dá marcha no carro, arranca, e liga o para – brisa.
Começou a chover. Agora estou dentro do táxi ao lado do motorista, que dá marcha no carro, arranca, e liga o para – brisa.
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No espelho que vai se clareando eu me vejo correndo na rua Campo Sales, atrás de uma bola de meia, jogando peteca, empinando papagaio, pegando passarinho De repente a adolescência,a descoberta do corpo feminino, os dezoitos anos, o exercito, a vida dura da caserna, a continência, olhar a esquerda, a direita, a volta a ávida civil, as viagens pelo mundo, pois o Brasil é um mundo, os desencontros, as cartas esquecidas, sem respostas, os endereços perdidos,a volta à terra natal.
No espelho que vai se clareando eu me vejo correndo na rua Campo Sales, atrás de uma bola de meia, jogando peteca, empinando papagaio, pegando passarinho De repente a adolescência,a descoberta do corpo feminino, os dezoitos anos, o exercito, a vida dura da caserna, a continência, olhar a esquerda, a direita, a volta a ávida civil, as viagens pelo mundo, pois o Brasil é um mundo, os desencontros, as cartas esquecidas, sem respostas, os endereços perdidos,a volta à terra natal.
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Esqueci de dizer ao motorista qual era o meu destino Na verdade estava ainda sem saber para onde ia. Onde o senhor vai ficar, o endereço, ele perguntou. Leve-me a uma pensão modesta, Já não conheço mais a cidade. Está com mais de quarenta anos que não venho aqui. Uma pensão modesta de preferência, desta em que se hospedam caixeiros viajantes, na beira do rio Parnaíba. O motorista disse. Temos hotéis cinco estrelas na beira do rio Poty. Não. Prefiro o rio Parnaíba. O motorista riu. Só riu. E rodou comigo um bom tempo pela cidade que eu não conheço mais, debaixo de chuva corisco e trovoada.
Esqueci de dizer ao motorista qual era o meu destino Na verdade estava ainda sem saber para onde ia. Onde o senhor vai ficar, o endereço, ele perguntou. Leve-me a uma pensão modesta, Já não conheço mais a cidade. Está com mais de quarenta anos que não venho aqui. Uma pensão modesta de preferência, desta em que se hospedam caixeiros viajantes, na beira do rio Parnaíba. O motorista disse. Temos hotéis cinco estrelas na beira do rio Poty. Não. Prefiro o rio Parnaíba. O motorista riu. Só riu. E rodou comigo um bom tempo pela cidade que eu não conheço mais, debaixo de chuva corisco e trovoada.
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A chuva parou de repente. Notei que a cidade estava cheia de arranha – céus e asfalto, e se escancarava luminosa como uma dama da noite no meio das lâmpadas do Natal. O motorista me perguntou se eu era filho da terra, daqui da cidade. Sim. Respondi. Estou voltando para sempre. E a minha última estação. Seja bem vindo, ele disse.
A chuva parou de repente. Notei que a cidade estava cheia de arranha – céus e asfalto, e se escancarava luminosa como uma dama da noite no meio das lâmpadas do Natal. O motorista me perguntou se eu era filho da terra, daqui da cidade. Sim. Respondi. Estou voltando para sempre. E a minha última estação. Seja bem vindo, ele disse.
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O motorista parou à porta de uma pensão na rua Paissandu. Desembarquei. E como nos filmes americanos não precisei pagar a conta do táxi. O taxista me deu boa noite e desapareceu, sem tirar a minha bagagem do porta - mala. O dia estava amanhecendo. A dona da pensão não me recolheu, não arranjou um aposento para mim. Observou-me de alto a baixo, desconfiada. Perguntou-me pela minha mala. Esqueci no trem, desapareceu. Ela disse, conte esta história direito. Em Teresina não existe mais trem. Fiquei andando pela cidade até que o dia amanheceu. Aí acordei e vi que tudo não passara de um sonho em busca de uma cidade perdida que jamais se dará ao prazer de ser redescoberta a não ser pelo própria decida aos abismos de suas ruínas.
O motorista parou à porta de uma pensão na rua Paissandu. Desembarquei. E como nos filmes americanos não precisei pagar a conta do táxi. O taxista me deu boa noite e desapareceu, sem tirar a minha bagagem do porta - mala. O dia estava amanhecendo. A dona da pensão não me recolheu, não arranjou um aposento para mim. Observou-me de alto a baixo, desconfiada. Perguntou-me pela minha mala. Esqueci no trem, desapareceu. Ela disse, conte esta história direito. Em Teresina não existe mais trem. Fiquei andando pela cidade até que o dia amanheceu. Aí acordei e vi que tudo não passara de um sonho em busca de uma cidade perdida que jamais se dará ao prazer de ser redescoberta a não ser pelo própria decida aos abismos de suas ruínas.
2 comentários:
você poderia até transformar esse texto em uma música daria um "blues" f.......
abraço
Poxa, que viagem transcendental.
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