quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

LAVRA

Luiz Martins



Lavrar, lavrar e lavrar,

A lavoura como destino,

Mesmo em desuso das aras

Nesta última sesmaria.



Orar com o antes da hora,

De trinar os passarinhos,

Pão frugal e mãos à obra

Até à última ave-maria.



À forja com o que é músculo,

Na têmpera de cara e caráter;

Abrandar só ao crepúsculo,

A sede da impertinência.



E para que tanta lavoura?

Se a Terra não vale verde?

Se as ervas são bem daninhas

Se o trigo não é mais ouro?



Justamente, bem por isso,

Para agastar a esperança,

Na teima do todo dia,

Na faina da experiência.



Se há semente, haja sentido!

Ainda que ao fim e ao meio

Se saiba o que se sabia

Que o deserto é uma ciência.



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Recebi assim de Climério:

edmar,

um exemplo da lavoura cabralina do meu amigo Luiz Martins, com toda a secura da árdua labuta.

Climério.

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