domingo, 6 de março de 2016

O PETRÓLEO É NOSSO e o Sítio do PicaPau Amarelo

O novo Sítio na genialidade de Gervásio


(Edmar Oliveira)

Quem descobriu o petróleo no Brasil foi o Visconde de Sabugosa, personagem de Monteiro Lobato. Getúlio custou a acreditar na literatura. O petróleo jorrou de verdade na Bahia em 1938. Até a década de 1950 vários poços foram descobertos mostrando que o “Poço do Visconde” – livro de 1937 não era literatura infantil. Em sendo de verdade, a constituição de 1946 – dominada pelos liberais que apearam Getúlio do Estado Novo – era entreguista, permitindo a exploração do petróleo por companhias estrangeiras, que Getúlio tinha tornado estatal. Foi preciso Getúlio voltar ao poder para a campanha nacionalista “O petróleo é nosso” fazer, por decreto, o monopólio estatal da exploração, do refino e transporte do petróleo.

Esse monopólio, embora atacado pela UDN desde os primórdios, atravessou incólume a ditadura militar, foi sacramentado na Constituição Cidadã de 1988, para ser quebrado – através de emenda constitucional – no governo FHC. Mesmo assim, o tempo tinha consolidado a Petrobrás como a maior empresa brasileira. O pré-sal, descoberto mais tarde, escapou das privatizações indecentes dos governos do PSDB e seria a redenção do país na autossuficiência do combustível fóssil.

Seria. Documentos do WikiLeaks mostraram compromissos de José Serra com a Chevron – maior empresa petrolífera do mundo, sediada nos EEUU – desde a sua candidatura a presidente. Pois bem, Serra senador é autor de uma proposta de projeto de lei que altera o sistema de partilha do pré-sal, desobrigando a estatal brasileira de participar dos negócios e excluindo a cláusula que condiciona a participação da Petrobras em, no mínimo, 30% da exploração e produção em cada licitação. E, com inacreditável apoio deste governo disforme, conseguiu aprovação do projeto no senado. Deixando boquiabertos senadores nacionalistas que lutavam contra a proposta entreguista.

A UDN vive. Desde Getúlio que tentava entregar o petróleo ao capital estrangeiro. O corvo de agora é Serra, que embora sem a verve oratória do original, copia dele as tramoias e conchavos para agradar os patrões americanos. E deu um grande passo para conseguir o intento desde muito almejado. O complexo de vira-lata volta a nos envolver, como se não fôssemos capazes de construir nosso destino. A crise em que a Petrobrás foi metida só poderá ser resolvida com o capital estrangeiro, grasna o corvo.

Santa paciência! Desmoraliza-se a Petrobrás para vendê-la. Sempre foi assim. O mar de lama do Getúlio veio banhar o costado do partido no poder. E o ataque à Petrobrás dos sanguessugas é maior que o da corrupção.

E o Visconde de Sabugosa corre o risco de ter seu poço de petróleo nas mãos do vizinho do norte. E nesse nosso Sítio do Pica-Pau Amarelo só nos resta ir às ruas, gritar, espernear para a proposta não ir adiante na Câmara dos Deputados. E se for, temos que pressionar a dona Benta. Pedir dela um veto desse governo sem rumo, que naufraga sem se dar conta da importância do pré-sal. Novamente temos que ir às ruas com as palavras de ordem do passado “O petróleo é nosso!”

Sinto que quanto mais envelhece, o século XXI parece recuar para dentro do século XX. Como se o nosso futuro fosse o passado!

   





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