(Edmar Oliveira)
Uma ONG britânica publicou dados estatísticos
impressionantes: 1% da população mundial possui a metade da riqueza do planeta,
enquanto os 99% dividem a outra metade. Como se a população da Alemanha tivesse
a metade da riqueza do mundo; e o vasto território de todo o planeta se
estapeassem pela outra metade de bens produzidos.
E mais: são apenas 62 pessoas no planeta que acumulam o que
ganham metade dos habitantes no mundo.
São dados imorais. Mas mais do que isso, podem mostrar a
inviabilidade do capitalismo se a acumulação continuar concentrado, como
acontece agora; ou a barbárie para manter a concentração.
Daniel Duclos já elucubrou sobre a relação entre você lavar
seu próprio banheiro e a possibilidade de abrir um MacBook num ônibus sem medo
de ser assaltado. Quer dizer que a violência tem uma razão direta à
distribuição de renda. Não que ela não exista em sociedades mais igualitárias, mas
ela cresce exponencialmente nas sociedades mais desiguais. Ela está mais
presente nos bolsões de pobreza.
E não tenha dúvida que a mídia pode ser responsável por
excitar a violência. Ela trata todos os telespectadores como se eles fizessem
parte do 1% que detêm a metade da riqueza do planeta. O chamamento ao consumo
ilude como se fosse possível a todos.
Programas de incentivo ao consumo do governo, quando baixou alíquotas
de IPI para carros e a linha branca criou a ilusão de que todos poderiam ter
bens antes da distribuição necessária da renda. Produziu um endividamento em
tempo de desemprego.
Sempre as guerras entre nações foram um mal que também
servia para ajustar esse desajuste do capitalismo. Hoje, em tempos de revoltas
contidas, com o capitalismo concentrando riquezas não respeitando as fronteiras
das nações, as forças de proteção do estado são usadas para reprimir
criminalizando a pobreza. É um antídoto contra a violência não organizada dos despossuídos.
E as 62 pessoas mais ricas, que detêm metade da riqueza do
planeta, são celebridades festejadas, quando deveriam envergonhar e necessariamente
taxadas para tentar conter a concentração exagerada.
Nunca existiu uma concentração de renda tão impressionante
na história da humanidade. Ou a taxação de grandes fortunas deverá ser uma
solução – proposta inclusive pelo celebrado Piketty – ou a barbárie tomará
conta do planeta. Com a exterminação maciça da pobreza, que não tem mais
serventia para o capitalismo aonde chegou. O que já acontece em nossas
comunidades carentes.
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