domingo, 6 de março de 2016

A CONCENTRAÇÃO DO CAPITAL



desenho: 1000TON


(Edmar Oliveira)

Uma ONG britânica publicou dados estatísticos impressionantes: 1% da população mundial possui a metade da riqueza do planeta, enquanto os 99% dividem a outra metade. Como se a população da Alemanha tivesse a metade da riqueza do mundo; e o vasto território de todo o planeta se estapeassem pela outra metade de bens produzidos.

E mais: são apenas 62 pessoas no planeta que acumulam o que ganham metade dos habitantes no mundo.

São dados imorais. Mas mais do que isso, podem mostrar a inviabilidade do capitalismo se a acumulação continuar concentrado, como acontece agora; ou a barbárie para manter a concentração.

Daniel Duclos já elucubrou sobre a relação entre você lavar seu próprio banheiro e a possibilidade de abrir um MacBook num ônibus sem medo de ser assaltado. Quer dizer que a violência tem uma razão direta à distribuição de renda. Não que ela não exista em sociedades mais igualitárias, mas ela cresce exponencialmente nas sociedades mais desiguais. Ela está mais presente nos bolsões de pobreza.

E não tenha dúvida que a mídia pode ser responsável por excitar a violência. Ela trata todos os telespectadores como se eles fizessem parte do 1% que detêm a metade da riqueza do planeta. O chamamento ao consumo ilude como se fosse possível a todos.

Programas de incentivo ao consumo do governo, quando baixou alíquotas de IPI para carros e a linha branca criou a ilusão de que todos poderiam ter bens antes da distribuição necessária da renda. Produziu um endividamento em tempo de desemprego.

Sempre as guerras entre nações foram um mal que também servia para ajustar esse desajuste do capitalismo. Hoje, em tempos de revoltas contidas, com o capitalismo concentrando riquezas não respeitando as fronteiras das nações, as forças de proteção do estado são usadas para reprimir criminalizando a pobreza. É um antídoto contra a violência não organizada dos despossuídos.

E as 62 pessoas mais ricas, que detêm metade da riqueza do planeta, são celebridades festejadas, quando deveriam envergonhar e necessariamente taxadas para tentar conter a concentração exagerada.

Nunca existiu uma concentração de renda tão impressionante na história da humanidade. Ou a taxação de grandes fortunas deverá ser uma solução – proposta inclusive pelo celebrado Piketty – ou a barbárie tomará conta do planeta. Com a exterminação maciça da pobreza, que não tem mais serventia para o capitalismo aonde chegou. O que já acontece em nossas comunidades carentes.









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