domingo, 6 de março de 2016

HORROR

1 e 2. a bucólica Bautzen; 3. o incêndio no abrigo dos refugiados;
4. bombardeio de Dresden; 5 o holocausto 


  • Na semana passada, na madrugada de domingo, na cidadezinha saxã de Bautzen, fronteira da Polônia e República Tcheca, Alemanha, aconteceu uma cena que envergonha a humanidade. Às três horas começou um incêndio num antigo hotel que servia de abrigo para cerca de trezentos refugiados da guerra na Síria. Os bombeiros tiveram dificuldade para prestar socorro porque um grupo de moradores tentava impedir o socorro e gritava frases xenófobas e aplaudiam o incêndio.

    A bucólica cidadezinha no leste da Alemanha tem apenas quarenta mil habitantes e possui um dos maiores IDH, renda e educação do planeta. Surpreendente como pessoas com estas características e, certamente, representando uma parcela significativa dos seus habitantes sejam capazes de ato tão desumano.

    Certamente o fascismo ressuscitou das cinzas do bombardeio de Dresden, a capital colonial da saxônia, tão próxima de Bautzen.

    Antigamente, me perguntava curiosamente se o poderio militar Alemão tivesse ganhado a guerra, como seria o mundo. E fazia loas aos aliados terem liquidado o fascismo, mesmo para que fossemos condenados à guerra fria entre os EEUU e URSS. Estava errado.

    Apesar de liquidado militarmente, ele não saiu das cabeças das pessoas. E aqui, no século XXI – que parecia anunciar o futuro – o retorno do reprimido acontece de forma extravagante. Não é só um fénix que ressurge, mas os novos corações e mentes repetem a tragédia da humanidade com a distância já suficiente para esquecer o passado.

    E, naquela noite em Bautzen, ouviram-se os gritos de dor dos campos de concentração e os aplausos e regozijo do sadismo fascista. Se antes eram judeus, hoje são árabes. A xenofobia fez brotar o animal enjaulado nos costumes civilizatórios de uma cidadezinha que reproduziu o horror alemão da segunda guerra.

    Por sorte, dessa vez ninguém morreu, mas a xenofobia espalhou sua aberração humana. E, pior, ecoa em todo planeta!   

     

(Edmar Oliveira)




Nenhum comentário: