domingo, 15 de setembro de 2013

Brasileiros, ex-estudantes de Inglês


(Geraldo Borges)              
 
Em geral, quase toda a classe media brasileira, letrada, estudou inglês. Uma língua a mais no currículo melhora as oportunidades de emprego. Só que nem todo mundo se saí bem no estudo do inglês, quer dizer, aprende completamente a língua de modo que possa incorporá-la no seu dia a dia, e fazer dela verdadeiramente um instrumento de trabalho.

Uns estudam para trabalhar como tradutores, outros de interpretes. Alguns conseguem. Por que perseveram. Tinham um objetivo. Por que  aprender a falar um idioma não basta ler o manual, e preciso muito exercício, e convívio com outras pessoas que falam a mesma língua. Um dos métodos atual para se aprimorar o inglês é viajar e passar algum tempo com uma família americana ou inglesa. Tem dado certo.

               Com certeza, quem está me lendo já  estudou  inglês. Ou, até mesmo, seja um desse que sabe inglês fluentemente.   No geral, o Brasil está cheio de ex-estudantes de inglês, que não saíram do básico, e com o tempo, perderam o pouco conhecimento que tinham do idioma da Byron . O que não é descaso. E apenas, porque na verdade este idioma não o interessava tanto, ou o seu trabalho não tinha muito a ver com o conhecimento do inglês.

Às vezes, existe o dom da língua, e a pessoa aprende a falar com  maior facilidade. Conheci um rapaz, motorista de táxi, em Teresina, que só tinha o curso primário. Trabalhava no aeroporto, e falava inglês, muito bem. Dava para o gasto. Mas se perguntássemos a ele quem era Hemingway, não sabia. Não tinha obrigação de saber. Ele aprendeu inglês como se aprende musica de ouvido. Mas não é desse que estou falando. Estou falando do  estudante de inglês que fica no meio do caminho. Conheço   muita gente que estudou inglês,e só sabe mesmo  dizer, How do you do? Mesmo assim acredito que se fala mais inglês no Brasil que português nos Estados Unidos  e no Reino Unido.

Eu fui um desses  alunos que passou por muitas turmas de  inglês. E não aprendi muita coisa. Primeiro no ginásio, o professor não ajudava. Depois como sempre gostei de ler, continuei  por conta própria estudando inglês, mas com pouco rendimento. Tinha um amigo, o Aldo Marinho, que era professor, e interprete, de inglês, e recorria a ele para tirar aqui e acolá algumas dúvidas. Não fazia-se de  rogado. Gostava de ensinar. Aprendi um pouco.

Também escutava com curiosidade os missionários americanos do Instituto Batista. Depois fiz um curso de quinze dias por conta de uma fundação.  Mais tarde  fiz um curso de um  ano na Universidade  Federal de Campo Grande,  Mato Grosso do Sul, e melhorei bastante o meu inglês. Tive três professores, cada qual o melhor. Claro que não me especializei. Mas tenho um vocabulário  numeroso, o que não é tudo se você não conhece a estrutura da língua. Pelo menos não me é estranho as frases que vejo escritas em camisas, nas tabuletas, porque não dizer out doors. E  sei distinguir os anglicismo que permeia a nossa língua. Mas me considero também um ex-estudante de inglês que ficou no meio do caminho, embora não tenha dificuldade na leitura do idioma inglês.

Acredito que o inglês, desde a fuga de Dão João VI é a nossa   segunda língua. Muito colégios  no jardim da infância já ensinam inglês  Aí sim. Começando cedo, com o cérebro ainda novo, boa cera  na mão do oleiro, as crianças  desenvolverão capacidade para  este idioma que tem uma das melhores literaturas do Ocidente. Mas, não vamos esquecer a língua  portuguesa. Falando errado ou certo, escrevendo bem ou não, ele é a nossa  flor do Lácio, inculta e bela.

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