(Geraldo Borges)
As novas gerações mais novas
talvez nem saibam o sentido da palavra tabuada. Não são obrigados a saber, é só
consultar o dicionário. Tabuada:
“Tabela
das operações elementares em numero de um ou dois algarismos usada no
aprendizado das quatro operações e de
outras noções elementares. Livrinho que
contem esta tabela. Significa também índice de livro, repertório, compilação.”
Antigamente
todo aluno do primário aprendia a tabuada de cor, a partir da tabuada
você poderia começar a ser um gênio da matemática. A Tabuada, era vendida nas livrarias e papelarias de qualquer cidade
brasileira como parte do material didático que o aluno teria de levar para a
escola, juntamente com o caderno de caligrafia, que naquele tempo era uma
arte. Dois instrumentos importantes para
a formação do homem moderno. Hoje, dificilmente se encontram estes objetos nas
papelarias e livrarias das cidades brasileiras. Foram descartados.
Talvez poucas escolas perdidas pelo interior
do Brasil ainda os utilizem.
Os
meninos de hoje não precisam mais de tabuada. A Tabuada virou maquina de
calcular. No tempo da Tabuada havia o argumento, a sabatina. Não era fácil. Se
o aluno não soubesse de cor as operações de dividir, multiplicar, somar e
subtrair estava lascado, pegava bolo de palmatória do aluno que soubesse. Era
assim que funcionava.
Nada melhor do que uma pequena historia para ilustrar o
tempo da Tabuada, que não está tão longe assim.
Alguém me contou. Não a inventei. Reconto
segundo o meu estilo tentando ser fiel, no máximo possível, a versão original.
Um menino foi visitar seu colega de escola em sua casa.
Queria brincar. Quando chegou lá o que viu o fez voltar para casa por cima do rastro. A mãe do
menino estava ensinando a Tabuada ao seu filho. O menino estava dentro de uma
banheira. A mãe lhe perguntava a Tabuada. Toda vez que o menino errava, a mãe
dava-lhe um mergulho e um cocorote O menino que voltou para sua casa horrorizado, também, teria de estudar a
Tabuada. Mas não estava ligando para os
seus deveres de casa.
No outro dia, na escola, a professora juntou a turma na
sala de aula e começou a lição da Tabuada. Nesse tempo não havia mais bolo. A
palmatória, agora, era apenas um objeto de triste memória na historia da nossa
educação. Durante a lição da Tabuada a única pessoa que se saiu bem foi o
menino da banheira. Resultado. Foi o único a sair para o recreio. Os outros
ficaram confinados na sala de aula, de castigo, resmungando, e estudando a
Tabuada. Talvez fosse um castigo inútil. Mas era melhor do que a palmatória. A
esta altura o estudante exemplar estava constrangido com a sua situação.
No final do recreio lá estava ele sozinho, se perfilando, o
único componente da fila, ao pé da porta, para entrar na sala de aula. Ele era
o último e o primeiro da fila ao mesmo tempo. Estava sério, enquanto os colegas
riam dele.
A cena é seria. Mas
parecia ridícula. Valeu a pena? Com certeza hoje não iria se repetir. Pois a funcionalidade
da maquina de calcular democratizou o seu uso. E do jeito que os meninos estão
hoje encarando os professores não haveria mestre que tivesse coragem de forçar estudantes a aprender a Tabuada, que,
atualmente, perdeu o prestigio, e é conhecida apenas pelos idosos da época em
que a Tabuada e a palmatória era o terror da infância.
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