domingo, 27 de fevereiro de 2011

PARA AUMENTAR O MEDO DE AVIÃO EM QUEM JÁ TEM

Edmar Oliveira


Esquisito o comportamento dos passageiros de avião no Brasil. Reclama-se dos atrasos, das escalas, do aperto entre os bancos, do serviço de bordo, mas não interessa a ninguém que marca e modelo de avião faz o vôo. Logo o povo que se acha o mais entendido em carros. Até a senhorinha que vai ao consultório exige um táxi que não seja um Santana, carro velho e fora de linha. Pede um Meriva mais moderno. De carro, todo mundo sabe a variedade de marcas e modelos. E o valor diferencial que tem uma passagem entre eles. No avião não. Parece até que são todos iguais e ninguém reclama se entra num Boeing 727 ou 737. Parece que lá em cima é tudo igual.
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Pois não é, não. Falando da Boeing, o 727 é das décadas de cinquenta a sessenta e foi substituído em setenta pelo 737. Mas tanto naquele, como nesse, há variações de modelos segundo o ano e gerações de incorporação de novas tecnologias. 737-300, 400, 500, 700, 800, 900, cada derivação desta incorpora novas tecnologias e foi fabricado em tempo posterior ao outro. Corresponderia ao modelo de ano do carro a ser comprado ou alugado. Os Boeings americanos se impuseram no Brasil desde os tempos dos Douglas da Panair (pra quem já tem cabelos brancos). O DC-3, por anos ancorado no aterro do Flamengo e agora no museu do avião é o precursor do DC-10, aquele gigante de três turbinas e dois andares, mas já fora de linha desde que a Douglas foi incorporada à Boeing. Os 737 se impuseram nos vôos domésticos em vários paises. Os 747 ou 767 e, recentemente, o 777 são grandes aviões para vôos internacionais. Mas fora os gigantes intercontinentais, os automóveis médios da Boeing são os 737. Mas vêm sendo substituídos por novas gerações desde o 300 ao moderno 900. Portanto não é a mesma coisa voar num ou noutro. E até o preço das passagens deveriam ser diferenciadas por modelo, o que não é. A mim interessa saber se vou num mais novo ou numa sucata velha. A sucata da presidência, que o Lula substituiu por um moderno e foi bastante criticado, era um 707, do final da década de quarenta.

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A linha Boeing é de uma grande companhia brasileira. A outra grande viaja com aviões franceses, Airbus, também nos modelos 318, 319, 320, 330, 340. Esses dois últimos são para vôos internacionais e o 330 foi o da Air France que caiu no Atlântico há dois anos. Antes essa companhia brasileira viajava com Fokker 100 e outros modelos, que de tanto caírem e serem caros na manutenção foram substituídos. Os Airbus são todos novos e só variam no tamanho. Têm um problema para os “psicos” da aviação, como eu. São todos comandados por computadores e os pilotos trabalham com comandos tipo joyticks dos jogos eletrônicos. Me sinto aqui muito mais inseguro e vejo se o piloto é novo para saber lidar com esses comandos (na Boeing prefiro os pilotos velhos). Foi por isso que um Airbus se espatifou em Congonhas (o avião tinha problema no reverso, mas o joystick não foi acionado a contento para frear os motores).

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Pois assim tem companhias que viajam com os velhos aviões comprados das grandes. Conheço uma que só tem 737-300. Outra que ainda voa com os 727 de 1960. E mais uma outra que opera com os velhos Fokkers alemães. Mesmo assim os aviões são muitos seguros. Como são caros, e são segurados, eles voam até caírem (raras exceções). Nossa sorte é que os mais velhos são vendidos para países mais pobres.

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Mas o risco da queda e a qualidade do vôo estão sujeito ao modelo. Prefiro voar num moderno ônibus da Cometa que numa Kombi com asas da Fokker. Embora uma atrapalhação nos modernos computadores possa fazer cair um avião de última geração.

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Voar é para os pássaros...




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