domingo, 12 de julho de 2015

Maciel, o guru da nossa contracultura




“Um tanto constrangido, é verdade, mas sem outro jeito, aproveito esse meio de comunicação, típico da era contemporânea e de suas maravilhas, para levar ao conhecimento público o fato desagradável de que estou sem trabalho e, por conseguinte, sem dinheiro. É triste, mas é verdade. Estou desempregado há quase um ano. Preciso urgentemente de um trabalho que me dê uma grana capaz de aliviar este verdadeiro sufoco. Sei ler e escrever, sei dar aulas, já fiz direções de teatro e de cinema, já escrevi para o teatro, o cinema e a televisão. Publiquei vários livros, inclusive sobre técnicas de roteiro, faço supervisão nessas áreas de minha experiência, dou consultoria, tenho – permitam-me que o confesse – muitas competências. Na mídia impressa, já escrevi artigos, crônicas, reportagens… O que vier, eu traço. Até represento, só não danço nem canto. Será que não há um jeito honesto de ganhar a vida com o suor de meu rosto? Luiz Carlos Maciel. lcfmaciel@gmail.com


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Tava no Facebook do Maciel, na semana passada. Saiu na coluna do Ancelmo Gois. Meus ídolos, que não morreram de overdose, chegam à velhice nesta situação. Triste de um país que abandona seus velhos, seus artistas que tanto contribuíram para a cultura nacional. É com imenso pesar que divulgo essa notícia. Seu último livro "O Sol da Liberdade" foi publicado por minha editora, a Vieira & Lent. Bem sei que daí não sai tostão que nos permita sobreviver. Sem ser os grandes vendedores de livros, todo escritor, por melhor que seja , tem de exercer outra atividade que lhe permita a sobrevivência. O Maciel deu régua, compasso e informação pra muitos que hoje militam na publicidade. Ele só está solicitando uma oportunidade para trabalhar, apesar dos 77 anos.

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"Todas as liberdades que vivemos, por várias décadas, em termos de liberdade existencial, percepção social e política, aprofundamento da vida espiritual, e, numa palavra, expansão da consciência, parecem abandonados como se nunca tivessem acontecido.(...)

"A História ocultou de nós o seu fim e começou o caminho de volta, na direção oposta. Por isso, o tempo não é mais contado progressivamente, por adição, a partir da origem, mas por subtração, a partir do fim. Não temos mais o futuro a nossa frente, mas uma dimensão anoréxica na qual se estende uma realidade virtual. (...)

"Não é de admirar, por exemplo, que a dialética da História humana tenha sido substituída por um estruturalismo petrificador, num movimento de recuo do pensamento, de acordo com a metáfora de Sartre, da imagem dinâmica do cinema para a da fotografia". 

(O sol da Liberdade, pgs 22, 23 e 24) 


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Mais parecido com o tempo atual, impossível!







2 comentários:

Anônimo disse...

Uma situação dessas nos constrange... Falar o quê? Mas acredito que a gente possa ajudar divulgando, enfim...ele tá fazendo a coisa certa, tá lutando né?
Lelê

Anônimo disse...

Esse homem não é velho, pelo amor de Deus! 77 anos não é nada pro trabalho intelectual, e nem pra muitas outras atividades.
Lelê ( é...de novo )