(Edmar Oliveira)
Este foi um ano duro para as previsões. Mãe Dinah morreu e o
ano enterrou na literatura Gabo, Suassuna, Ubaldo e Manoel de Barros numa tacada sem dó nem
piedade. Nos rostos da tv se foram o vozeirão de Paulo Goulart, as caras de
Wilker e Carvana, as vozes de Marlene e Simonal. Até o Chaves preferiu morrer
do que perder a vida.
Um avião da Malásia desapareceu com mais de duzentas
pessoas, sem deixar rastro num planeta completamente escaneado por GPS. Parece
mistério da antiga série de tv “Acredite se quiser”, apresentada pelo cavernoso
Jack Palance. Alguém lembra? (Acho até que ele apresenta este ano maluco). E
outro avião do mesmo porte e da mesma companhia foi abatido por um
desentendimento entre nações pertencentes à antiga União Soviética. Numa briga
de comadres que erraram o alvo (seria o avião do Putin?). Para variar, Israel
massacra a Palestina outra vez. Desta vez bombardeando crianças refugiadas numa
desmoralizada ONU. Uns malucos querem refundar um califato e o Estado Islâmico
nasce em território conflagrado sob a égide do terror e tentando voltar à
escuridão da idade média em meio às conquistas da tecnologia.
Aqui na terra tivemos eleições. Um avião matou um candidato,
sua substituta morreu na praia do primeiro turno. Num segundo turno ganhou uma
candidata que ameaça governar com alguns projetos de quem perdeu. O candidato
que perdeu, perdeu também a cabeça e se juntou à direita mais atrasada
comandada pelo Lobão. Ratos roeram o barril de petróleo da Petrobrás e os donos
das empreiteiras (que para terem maiores
lucros alimentavam os ratos comissionados e os políticos) passaram o natal na
cadeia juntos com alguns ratos. Mudou o Natal ou mudou a justiça? A Petrobrás
parece desacreditada, mas o Soros tá comprando as sua ações baratinhas.
Eike Batista ficou pobre. O Brasil perdeu a copa no Brasil
numa goleada de sete a um para a Alemanha. O Vasco trocou de lugar com o
Botafogo. O glorioso viu a glória ir para a segunda divisão pela segunda vez.
Mas ninguém foi capaz de prever a última surpresa deste ano
louco, bem no finalzinho: Obama e Raul anunciaram libertação de prisioneiros e
reatamento de relações quebradas desde 1961. Obama confessa que não deu
resultado e pede ao congresso americano o fim do embargo econômico. Num mundo
devassado e sem segredos, as negociações ocorreram em surdina, com a
intermediação do Papa Francisco, sem que ninguém no planeta pudesse suspeitar.
O velho ditador não falou nada (será que ainda pode falar?), mas o povo cubano
já comemora nas ruas. 1961 foi o ano que Obama nasceu e não fazia sentido
manter essa asfixia ao povo cubano. E o Obama ganhou um Nobel da paz, que
talvez agora tenta merecer.
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desenho: Luiz Villa
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