LACRE
O mundo em seu lacre
de vidro
agenda-se
para nutrir abismos: seu
pacote de raios; seu
tempo em demasia.
(E os anjos jantando crack,
e os porcos na sacristia.)
Por isso edito essa cruz de sabres
nesse cardume de ontens,
nesse arremedo de eternidade.
Juro que vi
o século enfermiço decapitado
na cara da TV (a morte globalizando-se
em Pedrinhas ou em Kandarhar);
juro que vi
a morte narcísica
e seu personal trainer: não matam
para infamar os céus, matam pelo prazer de doer, matam
para querer ser Deus.
SALGADO MARANHÃO
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desenho: Amaral
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