A PORTA SANFONADA
Meio centímetro do esquadro
O velho portal dá trabalho
Em aceitar a nova porta sanfonada
O banheiro quer a porta antiga
De madeira irregular
Deixando vazar a água na direção da cozinha
O velho mestre-de-obras não se rende às evidências
Tritura alguns centímetros
Instala no novo esquadro
A nova porta sanfonada
Branca, limpa, reluzente
Para a felicidade do velho banheiro
E asseio da cozinha
(Climério Ferreira)
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& sua réplica:
POESIA EM TUDO QUE É COISA E LUGAR
Celso Adolfo Marques
Climério continua a provar
que há poesia em tudo que é coisa e lugar.
No seu poema sobre
o portal fora de esquadro
sobre a porta nova que quer substituir a velha
a porta velha que não quer ceder lugar à nova
a madeira e no marceneiro
Prova que há poesia
nas velhas mãos do velho mestre de obras
há poesia antiga rebatendo a que é nova
no banheiro há poesia.
Na sanfona há uma porta
e um sanfoneiro atrás das duas.
No esquadro
nos pingos d'água
nas ferramentas
na cozinha e no banheiro ainda há poesia.
Duchamps na França
poetas no Piauí e no DF
Marcos Coelho Benjamim
(que ajuntou a poesia da limalha
e montou uma exposição-deboche
chamada Borracharia Duchamps em BH)
Manoel Bandeira
(que viu a poesia do coelhinho da Índia
e d Irene preta que entrou no céu)
Drummnd (que viu um burro e a vida besta)
são pessoas
de ordinária e extrarodinária importância.
Tudo valendo as penas e alegrias desta vida,
mais não direi em 2013,
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