domingo, 23 de dezembro de 2012

Outra vez


Edmar Oliveira
 
Outra vez. Um americano esquisito armado atira em vítimas indefesas. Um massacre comum naquelas terras. Mas que americano é esquisito, parece nos filmes. A loucura de um povo e dos costumes pode ajudar a entender, não a loucura individual do atirador.

O menino era um nerd, psicólogos lhe apontaram uma síndrome meio autista, mas deles o Vale do Silício está cheio e por eles temos as maravilhas da informática, não as mortes inexplicáveis.

A mãe, sim, tinha um comportamento muito americano: levava as crianças para a prática de tiro ao alvo, esporte preferido de muitos naquele país. Ela tinha uma coleção de armas e gostava de desfilar suas marcas, potências e capacidade destrutiva, enquanto ouvia jazz e tomava cerveja num bar próximo de casa. Adan era um menino retraído que mal saia de casa.

Os americanos têm mais de uma arma “per capta” e as lojas do ramo estão em cada esquina como aqui se vendem remédios nas farmácias ou bebidas nos botequins. Nos filmes se resolvem problemas atirando e é impressionante como as câmeras não se preocupam com os que morrem pelo caminho em tiros ou explosões espetaculares. Elas seguem o mocinho que se torna herói após matar metade do elenco. Não é assim?

Michel Moore, em Tiros em Columbine, levantou essas questões e apontou a poderosa National Rifle Association (NRA) como defensora intransigente do livre uso de armas, que ameça derrotar presidentes que se oponham a essa questão. A tragicômica entrevista com Chalton Heston é inesquecível nas cenas finais de Columbine.

Os conservadores e, claro que há os interesses comerciais, a indústria bélica não deixam que a questão seja sequer examinada. É certo que o livre uso de armas pelos cidadãos americanos é garantido pela constituição e isso exigiria uma emenda à carta magna.

Mas não já morreu gente demais por esse culto às armas? Não seria melhor um adeus? Ou o Obama vai ficar em silêncio? A charge do Latuff é melhor do que qualquer explicação sociológica.
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charge retirada de OperaMundi

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