domingo, 1 de abril de 2012

Puxa o Fole


Edmar Oliveira

Domingo, dia 25 passado, estava programado para ir à Rádio Nacional ver o “Puxa o Fole” do meu amigo Sergival, comemorando dois anos no ar. Daquela vez, como de outras comemorações, o programa saía do estúdio para o palco mágico, onde, nos tempos áureos do rádio, desfilaram os maiores nomes do cancioneiro nacional. Repetindo os passos do grande Luiz Gonzaga no palco se exibiria “Zé Calixto”, o maior “oito baixos” em atividade.  

No táxi que peguei para ir à praça Mauá me aguardava uma coincidência, dessas que só acontecem a quem procura por elas. O “chofer de praça”, um pernambucano da cabeça raspada, além de conhecer o mestre, tinha levado o irmão “Luiz Calixto” do Hotel Flórida, no Flamengo, até ao subúrbio na casa de “Zé”. Luiz mora em Pernambuco e mantém uma “Escola de Oito Baixos” para manter viva a sonoridade do instrumento de difícil manuseio.  

A rádio fica no mesmo prédio de sempre. Um velho edifício perto do cais ainda conserva na fachada o INPI dos tempos do Instituto Nacional dos Previdenciários da Indústria. Quando se fecha a porta do elevador nos preparamos para saltar no corredor de paredes vermelhas que nos leva a um salão com fotos dos grandes artistas do passado. Um túnel do tempo: César de Alencar, Paulo Gracindo, Marlene, Emilinha, Cauby Peixoto, entre outros, observam os visitantes de agora com seus olhos de passado. Me senti um velho sendo observado por aqueles artistas em preto e branco engalanados nas fotografia que segurava o tempo. É uma emoção indescritível. 

No auditório o logotipo da rádio que tanto ouviu cantar os cantantes do microfone de 1130 kilohertz, ondas médias, AM nos rádios de hoje dominados das FMs. E José Sergival fazia seu programa, ao vivo, para todo Brasil, como nos velhos tempos. No palco, Zé Fidelis, Faísca, Beto Marron, faziam o sotaque nordestino. Depois foi a vez do mestre dos “Oito Baixos” que tirou choros, valsas e pé de serra do seu pequeno instrumento com som de poesia.  

“Puxa o Fole”, proposta de elegia do legítimo pé de serra nordestino, pode vir a recuperar para o presente o palco dos grandes artistas populares do passado. E José Sergival está de parabéns por essa bem sucedida empreitada.  

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