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O mais famoso cientista vivo, o britânico Stephen Hawking, me surpreendeu de novo. Confesso que havia me surpreendido com a coerência sobre a explicação da criação do universo, onde ele negou Deus por mais de três vezes. O físico, desautorizando as mais otimistas previsões médicas, acaba de fazer 70 anos. Sofrendo de uma esclerore lateral amiotrófica, diagnosticada aos 21 anos, doença que provoca uma paralisia muscular progressiva, também surpreendeu prognósticos pessimistas, tendo ele tornado-se um cientista respeitado com teorias que são referência para a física. Na altura de um Einstein, revelou o comportamento dos “buracos negros” necessário ao entendimento da ciência astronômica moderna. Mas não foi isso o que tinha me surpreendido, até porque não entendo nada do que acontece com as estrelas além de servirem a inspiração poética. A minha surpresa foi vê-lo num programa de televisão, dirigido ao grande público, explicar a origem do universo, não tendo considerado, em nenhum momento, a necessidade de Deus, apesar das perguntas insistentes e repetidas do entrevistador.
Hawking, que movimenta apenas as bochechas, vive numa cadeira-máquina que permite suas possíveis interações com o mundo. Foi quando, já decepcionado com a afirmação do cientista que simplesmente preencheu as lacunas com argumentos científicos e, elegantemente, respondera que não precisava da hipótese de Deus para seus cálculos, o entrevistador, apelando para a situação física do entrevistado, perguntou se ele não “esperava” uma outra vida. Stephen parecia sereno a sorrir quando respondeu que esta oportunidade de observar o universo, que ele tinha tido na vida, fora fabulosa e que tinha de aproveitar todos os momentos em que estava vivo, pois não acreditava em nova oportunidade depois de morto. Eu, de tão emocionado, foi convencido da dor dos incrédulos dos mistérios da religião e da mensagem tão humanista que devemos ter diante do mistério da vida. E me solidarizo na crença do cientista, que também é minha.
Mas dizia, lá no início desta crônica, que Stephen Hawking havia me surpreendido novamente, depois de sua convicção nesse documentário negando Deus por mais de três vezes. Foi quando folheando um jornal achei uma manchete assim: “mulheres, um mistério para Hawking”. Comemorava seus 70 anos, falando outra vez sobre a morte: “não tenho medo da morte, mas não tenho pressa de morrer. Ainda há muita coisa para fazer”. E, perguntado sobre o que mais pensa hoje em dia, respondeu: “nas mulheres. Elas são um mistério completo”. Entender as mulheres seria o grande mistério que o físico teria pela frente.
Fico aqui torcendo para que ele consiga, antes de morrer. Afinal, quem desvendou o mistério dos buracos negros do universo tem credibilidade para desvendar o mistério das mulheres. Só acho que é muito mais difícil. Se ele não conseguir vai ficar me devendo, pois acho que nem Deus, em quem nós não acreditamos, desvendaria tal mistério.
Um comentário:
Amigo Edmar, a existência de Deus não passa pela necessidade de os cientistas acharem que Deus existe ou nao. Cá na minha santa ignorância, acho que a existêmcia de Deus não depende que os cientistas lhe neguem a existência ou os crentes (todos eles...) a louvem e admitam. Deus não é uma "coisa" que cientistas ou crentes consigam ahar que exista ou não sem paraecem cegos descrevendo um arcoiris...
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