Geraldo Borges
Um nobre deputado construiu um castelo e convidou um fantasma para habitar os seus aposentos. Pois não tem sentido um castelo sem fantasmas, sem barulhos de correntes, sem estalos de tábuas, sem vozes roucas vindos do teto, sem candelabros se mexendo à toa, esqueletos saindo dos armários, mesmo sendo um lindo castelo construindo com o material de construção do século vinte e um, edificado nas alterosas. Mas o fantasma do nobre deputado queria as suas vantagens.. Os fantasmas de hoje não querem saber de sofrimento gratuito, de viverem fazendo apenas assombração sem nenhuma recompensa senão a fama de fantasma. Estão mais realistas que o rei. O fantasma queria mordomias, e exigiu, então, as suas condições para habitar o ambiente gótico do castelo. Disse.
Eu serei fantasma. Estudaria toda a arte de se fazer assombrações, serei um verdadeiro espírito sobrenatural, apenas de noite, que todos os gatos são pardos. Virarei o bicho que o senhor quiser. Ficarei na torre do castelo, parecendo um lençol branco, flutuando, com meus ectoplasmas para assustar os seu inimigos bárbaros. Ficarei também, tudo ao mesmo tempo, pois fantasma é onipresente na ponte do fosso para impedir invasão de vândalos. Serei um fantasma bem competente. Não tenha medo que ninguém vai mexer nos quartos onde estão os cadáveres das mulheres mortas que você amou uma noite, e depois descartou sem querer ouvir a sua história, como o velho Barba Azul.. Pode ficar sossegado. Que eu guardarei a chave muito bem. Ninguém vai saber dos seus mais recônditos segredos. Vai tudo virar ficção
Entregue-me o Castelo a noite e pode ficar tranqüilo no palácio do planalto, que aqui dentro das muralhas do castelo das minas gerais tudo vai correr no melhor dos mundos. Entendeu. Mas as condições são as seguintes.
Mas antes de negociarmos as condições eu gostaria de saber na minha consagração de fantasma o que levou o nobre deputado a construir um castelo justamente nos tempos dos palácios, e há tantos brumários da queda da Bastilha
Este velho sonho eu alimento desde menino. Vem do tempo do meu avô que me contava história dos mouros invadindo a Espanha em sua guerra contra os cristãos, e me falava em castelos no alto das montanhas com suas fortificações, suas torres suas pontes e fossos, cavaleiros encouraçados em seus ginetes puro sangue. Coisas das cruzadas. Quando eu ouvia meu avô contar historias de dinastias em seus castelos eu dizia. Quando eu crescer,ficar homem, vestir paletó com colarinho branco e gravata, e aprender a fazer discurso, vou fazer de tudo para edificar o meu castelo e ter um bando de aldeões a meu serviço. Deu certo. A política me fez um homem notável.
Tudo bem o senhor nobre castelão entrou na política. E tem toda a condição de garantir o meu surrealista oficio de fantasma. Pois bem. Eu quero mordomia, chupar na teta da viúva, para mim e para o resto da minha família que ainda está viva e sofrendo neste vale de lágrimas. E me acendendo velas. Como fantasma eu preciso de salário duplicado, pois minha vida é dupla, plural. Tenho que me desdobrar em vários disfarces para sustentar as minhas marmotas, espantalhos, ora estou no domínio da matéria, ora no do espírito. Quanto a minha viúva quero que o senhor nobre deputado arranje um montepio bem gordo para ela para o resto da vida a fim de que não passe necessidades, como muitas estão passando por aí nas imediações dos palácios e castelos dessa republica.
Quanto aos meus filhos quero que o senhor nobre deputado pague os melhores colégios para eles, assim como o senhor paga para os seus herdeiros. E depois os introduza na sua mesma profissão. São estes os termos que garantem eu trabalhar para o senhor como fantasma de seu castelo.
Não acha que é muita exigência? Acho que é melhor contratar um fantasma dos velhos castelos da Inglaterra.
Eles jamais se sujeitariam ao nosso clima, a nossa corrupção. São muito fidalgos e esnobes para se misturar com a gente.
Nesse caso estamos conversados. De agora em diante você é o fantasma oficioso do meu castelo. Sua família fica sob a minha proteção.
Caso o senhor vacile eu entrego seu castelo aos bárbaros
Um nobre deputado construiu um castelo e convidou um fantasma para habitar os seus aposentos. Pois não tem sentido um castelo sem fantasmas, sem barulhos de correntes, sem estalos de tábuas, sem vozes roucas vindos do teto, sem candelabros se mexendo à toa, esqueletos saindo dos armários, mesmo sendo um lindo castelo construindo com o material de construção do século vinte e um, edificado nas alterosas. Mas o fantasma do nobre deputado queria as suas vantagens.. Os fantasmas de hoje não querem saber de sofrimento gratuito, de viverem fazendo apenas assombração sem nenhuma recompensa senão a fama de fantasma. Estão mais realistas que o rei. O fantasma queria mordomias, e exigiu, então, as suas condições para habitar o ambiente gótico do castelo. Disse.
Eu serei fantasma. Estudaria toda a arte de se fazer assombrações, serei um verdadeiro espírito sobrenatural, apenas de noite, que todos os gatos são pardos. Virarei o bicho que o senhor quiser. Ficarei na torre do castelo, parecendo um lençol branco, flutuando, com meus ectoplasmas para assustar os seu inimigos bárbaros. Ficarei também, tudo ao mesmo tempo, pois fantasma é onipresente na ponte do fosso para impedir invasão de vândalos. Serei um fantasma bem competente. Não tenha medo que ninguém vai mexer nos quartos onde estão os cadáveres das mulheres mortas que você amou uma noite, e depois descartou sem querer ouvir a sua história, como o velho Barba Azul.. Pode ficar sossegado. Que eu guardarei a chave muito bem. Ninguém vai saber dos seus mais recônditos segredos. Vai tudo virar ficção
Entregue-me o Castelo a noite e pode ficar tranqüilo no palácio do planalto, que aqui dentro das muralhas do castelo das minas gerais tudo vai correr no melhor dos mundos. Entendeu. Mas as condições são as seguintes.
Mas antes de negociarmos as condições eu gostaria de saber na minha consagração de fantasma o que levou o nobre deputado a construir um castelo justamente nos tempos dos palácios, e há tantos brumários da queda da Bastilha
Este velho sonho eu alimento desde menino. Vem do tempo do meu avô que me contava história dos mouros invadindo a Espanha em sua guerra contra os cristãos, e me falava em castelos no alto das montanhas com suas fortificações, suas torres suas pontes e fossos, cavaleiros encouraçados em seus ginetes puro sangue. Coisas das cruzadas. Quando eu ouvia meu avô contar historias de dinastias em seus castelos eu dizia. Quando eu crescer,ficar homem, vestir paletó com colarinho branco e gravata, e aprender a fazer discurso, vou fazer de tudo para edificar o meu castelo e ter um bando de aldeões a meu serviço. Deu certo. A política me fez um homem notável.
Tudo bem o senhor nobre castelão entrou na política. E tem toda a condição de garantir o meu surrealista oficio de fantasma. Pois bem. Eu quero mordomia, chupar na teta da viúva, para mim e para o resto da minha família que ainda está viva e sofrendo neste vale de lágrimas. E me acendendo velas. Como fantasma eu preciso de salário duplicado, pois minha vida é dupla, plural. Tenho que me desdobrar em vários disfarces para sustentar as minhas marmotas, espantalhos, ora estou no domínio da matéria, ora no do espírito. Quanto a minha viúva quero que o senhor nobre deputado arranje um montepio bem gordo para ela para o resto da vida a fim de que não passe necessidades, como muitas estão passando por aí nas imediações dos palácios e castelos dessa republica.
Quanto aos meus filhos quero que o senhor nobre deputado pague os melhores colégios para eles, assim como o senhor paga para os seus herdeiros. E depois os introduza na sua mesma profissão. São estes os termos que garantem eu trabalhar para o senhor como fantasma de seu castelo.
Não acha que é muita exigência? Acho que é melhor contratar um fantasma dos velhos castelos da Inglaterra.
Eles jamais se sujeitariam ao nosso clima, a nossa corrupção. São muito fidalgos e esnobes para se misturar com a gente.
Nesse caso estamos conversados. De agora em diante você é o fantasma oficioso do meu castelo. Sua família fica sob a minha proteção.
Caso o senhor vacile eu entrego seu castelo aos bárbaros
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