quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Coincidências

Edmar Oliveira


para Patrícia Schmid


Uma das coisas mais intrigantes para um agnóstico (serei eu?) é o que costumamos chamar de coincidência. Falo em agnóstico na concepção primária de Huxley, quer dizer, em alguém que ACREDITA que a existência de um poder superior (leia-se Deus) nunca foi e nunca será resolvida para a humanidade. (Dentro de mim Ele já não existe desde o começo do Universo, compreendes Senhor das Verdades?). Pra mim Ele não existe, mesmo que coincidentemente venha a encontrá-Lo. Pois bem, a coincidência é coisa de ser superior, tal qual o acaso. Acaso existe Deus?
Deixemos o raciocínio teológico para voltarmos ao tema desta crônica ordinária. Coincidência. Não é por acaso que você está lendo estas linhas, né não? Se for, piora a minha situação. Mas não é te encontrando naquela esquina que acho que a coincidência seja obra e graça da criação do Criador. Mas, escuta essa: o chocolate, tablete sólido, se desmancha na temperatura de trinta e seis graus Célcius. Exatamente a temperatura da boca. Não fosse assim e ninguém gostava de chocolate. Guloseima unânime, apenas por uma coincidência de calor. Ou Deus é um excelente cozinheiro ou o chocolate é invenção do Diabo.
Agora, raciocinemos assim: o homem é um bicho tímido, não se expõe muito as relações sociais, não é dado a construções de amizades, a não ser três doses acima do normal. Experimente três doses da bebida de sua preferência. E aí, coincidentemente, você vai achar o mundo todo legal e não vai, ensimesmado, provocar reações hostis. Coincidentemente um homem razoável precisa de três doses acima para que o pessimismo se dissipe. Um brinde à necessidade humana do álcool. Com moderação, né não, senhor Temporão?

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