quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Você não é cachorro não, mas eu sou Waldick sim, com muito orgulho

Xico Sá



Morreu, digo, partiu desta para uma melhor, o cantor e compositor Waldick Soriano, o nosso Johnny Cash baiano, como diz o escriba e amigo Zé Teles. A imagem que fica é o seu chapéu preto voando em uma noite fria de São Paulo, mas precisamente na porta do cabaré do viejo Charles Bronson, ali na rua Avanhandava. Foi a última vez que estive com o ídolo, finalzinho do ano passado. Inesquecível a conversa molhada por duplos uiscões inspiradores. Nós, cuja educação sentimental, aí incluindo os bons pares de chifres, devemos a WS, o homenageamos com esta crônica que segue, e que a terra e todas as dores de amores lhes sejam leves...
No cinquentário da bossa-nova, sinto muito pelos bons modos jazzisticos que tanto agradaram a classe média do Sr. João Gilberto, mas ninguém me disse mais coisas do que esse homem que cantava Dostoievski para as putas e para as nossas mães ao mesmo tempo:
"Hoje, que a noite está calma/ E que minha alma esperava por ti/Apareceste afinal/ Torturando este ser que te adora..."
Cuba libre e uma canção de Waldick Soriano, quem há de resistir?
________________________

XICO SÁ, nasceu em 1963, jornalista e escritor, nasceu no Cariri, foi criado no Recife e vive em São Paulo. Escreve para a revista Folha, Trip, Tpm, entre outras publicações.Arte: Nettocampomaior – PICINEZ (de onde este texto e ilustração foram subtraidos)

Nenhum comentário: