quinta-feira, 26 de junho de 2008

Tecnologia Inútil

Edmar Oliveira

Salão do Automóvel de Detroit: a GM apresenta um carro que não precisa de motorista. Ainda falta aprimorar o invento para que ele circule nas ruas. Mas funciona mais ou menos assim: o dono pega um aparelho GPS, monta um percurso válido (em obediência aos trajetos com mãos e contramãos viáveis, sensor para sinais vermelhos), e espera sentado o carrão ir buscar as crianças na escola ou uma encomenda no escritório. Eu não duvido mais de nada. Quando o conhecimento técnico era analógico apostei com um colega de ginásio que nunca uma máquina aceitaria um comando de voz. Eu tinha noção dos mecanismos analógicos: impulsos sonoros não se transformariam em mecânicos. Além de que meu competidor era tido e havido como um sujeito bronco. Pois bem, veio o conhecimento digital e o cara ganhou a aposta. Não paguei porque acho que ele nem lembra mais desta história. Mas eu me lembro. Perdi e foi doloroso. Hoje você fala um nome e o celular faz a ligação. Mas se não duvido mais de nada, ainda me espanto e me pergunto qual a serventia de tais inventos...



Digamos que o garotão do futuro mande o carrão buscar a namorada na casa dela. Imaginemos que no percurso de volta ela queira ver um filme que ele já viu. Ele pede (via celular digital implantado na língua e na orelha) que ela ligue o DVD ou similar tridimensional futurista. Vamos imaginar que ele pode programar sensações e palavras sensuais pré-gravadas durante a sessão. Pra que diabos serve o garotão do futuro? Fica na Internet, que já obedece ao seu pensamento, enquanto as máquinas fazem suas funções?


Mas se estas conjecturas são coisas de ficção científica, vamos imaginar situações mais reais à nossa cidade. Como diabos um carro desses vai circular no Rio de Janeiro? Jornal Nacional: “um dirigível sem motorista foi interceptado na Linha Vermelha e metralhado. A máquina levou uma saraivada de tiros e, apesar de avariada, continuou seu percurso como se nata tivesse acontecido. Não houve vítimas”. Pensando bem, é um bom carro para a violência do Rio. Mas pra quê? Desconfio deste excesso de tecnologia. Às vezes é possível, mas não serve pra nada.


Segundo os entendidos, um jato moderno é capaz de decolar sozinho, fazer uma rota por controle remoto e pousar. Mas quem vai querer ser passageiro de um avião sem piloto? Alguém responsável tem de estar correndo risco também. E em algum momento controlar a máquina de seus caprichos. Não ando nem neste avião nem naquele carro. Chega de tecnologias inúteis...

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