domingo, 11 de janeiro de 2015

UM VAGO VAZIO


Não consigo imaginar a solidão 
De um rio seco
De um pássaro sem ninho

De uma casa vazia
De um riacho sem peixe
De uma lagoa no deserto
De um vaqueiro sem gado
De cotovia sem primavera
De melão de São Caetano sem cerca
De lobisomem sem a existência do medo
Há em mim um vago vazio
E nele cabem todos os projetos
Minha alma é uma folha de rascunhos
Posso imaginar poemas
Dispersos versos
Discos díspares
Canções cansadas
Em dias como os de hoje
Posso ter as certezas dos que morreram
Fazer os planos de voos dos anjos sem asas


(Climério Ferreira)

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desenho: Gabriel Archanjo

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