domingo, 25 de janeiro de 2015

Genu

desenho: Gervásio

Nunca houve uma mulher como Genu Moraes... pelo menos que eu tenha conhecido até hoje. Certa de sua habilidade e de seu poder em tocar a consciência dos outros, ela quebrou todos os tabus e arquétipos do mito de ser mulher. Sobreviveu a todos. Foi e continua sendo inspiração para várias gerações: “em meu íntimo, eu contenho multidões”, disse-me ela um dia. Mas, além de multidões, ela contém ainda uma coleção inédita de histórias de ontem que consegue trazer para o presente com a mesma habilidade e conhecimento com que fala das histórias de hoje. 

O casarão onde nasceu e viveu momentos gloriosos e cruciais de sua vida, os retratos emoldurados nas paredes, as relíquias da família de governadores e até os pequenos e mimosos frascos de perfumes da mãe e da avó, saltam do passado para ganhar vida e frescor no exato instante em que ela começa a falar nas páginas desse livro. Não há passado que resista ao presente na voz dessa mulher. Nem saudosismo. Isso é coisa para gente velha, e velhice é a única coisa que não combina com Genu Moraes. 

E o que combina com Dona Genu? Ela é uma combinação de contradições: resistente sem ser agressiva, ousada sem ser atrevida, falante sem ser cansativa...jornalista, mulher, mãe, política, apaixonada e combativa (não necessariamente nesta ordem), eis aqui em sua plenitude o retrato de uma mulher atemporal. É isto que o livro apresenta com muita beleza e elegância, bem ao estilo da protagonista. Leitura recomendável para quem quer aprender mais sobre a nossa história e a arte de quebrar as regras da vida com graça leveza e simpatia. Como ela soube fazer tão bem.

(Marta Tajra, para o livro de Kenard Kruel sobre Genu)

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