domingo, 11 de janeiro de 2015

Agora, um retrospecto do século


Agora retrospectivas de dez em dez anos para homenagear o fato de que dois e dois são cinco. Em 1930 Rachel de Queiroz escreveu o 15 sobre a seca do nordeste naquele ano. Estamos em 2015 e a única certeza que tenho é que não morri cedo, como queria o poeta. Portanto, de lá pra cá, falemos do que vivi ou devia de ter. Em 1925 a coluna Prestes sitiou Teresina do Natal ao Ano Novo e Juarez Távora é capturado ou se entregou às forças legalistas do Piauí. Em 1935 a intentona comunista tornou-se a aventura mais derrotada numa briga dos tenentes que marcharam juntos na Coluna de 10 anos anteriores. Em 1945 acabava a guerra mundial, a ditadura Vargas e nem sei se seu Moisés conhecia a dona Águeda, mas a guerra tinha acabado na Europa e eu nem existia ainda nos Palmeirais. Em 55 começava a guerra do Vietnam e eu ainda não entendia nada. Em 1965 os Beatles receberam o título de cavaleiros ingleses e éramos todos felizes até matarem o Edson Luiz e lembrar que o golpe iria durar muito mais que nossa juventude. Em 1975 cheguei ao Rio de Janeiro, o Rio e a Guanabara se fuderam num só estado, a ditadura estava em plena atividade reforçada pela deposição e assassinato do Allende e incremento da ditadura de Pinochet . Em 1985 a ditadura acabou, mas a gente teve que engoli o Sarney, que não tem coragem de morrer até hoje. Em 1995  a Socialdemocracia de fachada toma conta do poder e atende os predicados do Consenso de Washington começando a venda do templo e entregando o patrimônio público. Um terremoto no Japão sacode a ilha daquele povo miúdo, o que acontece de vez em quando. Em 2005 ainda estávamos sacudidos pelo atentado de 11 de setembro de 2001, quando, entre nós, um deputado da base aliada de um governo, que era a esperança do povo brasileiro, denuncia que  membros do partido pagavam uma mesada e inicia o escândalo que ficou conhecido como mensalão e vem rolando até hoje, mostrando as entranhas de uma corrupção sistêmica. Morre um papa que vai ser santificado e assume um outro mais reacionário, que inventa a renúncia e permite o surgimento de um papa argentino que é uma liderança mundial. E em 2015, cá estamos com a maior seca no sudeste, que nos ameaça com falta d’água nas torneiras e promete ser o 15 do sul maravilha. O mar vai virar sertão. Raul Castro e Obama fazem as pazes sob as bênção do papa Chico, que faz seu primeiro milagre e caminha para se tornar a maior liderança desses novos tempos. Um papa? Também não acreditei, como não queria acreditar na seca do sudeste. Espero que apareça uma nova Raquel para escrever o 15 do novo século.

Ué, já se passaram cem anos?

(Edmar Oliveira)

Nenhum comentário: