1.
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Quando os meninos
pequenos começavam "a se entender por gente" tomando banho nas águas do Parnaíba
o medo maior era do Candiru. O peixe tinha a fama de entrar nas intimidades de
quem estivesse nu. Mas nunca vi um caso, o medo era de ouvir falar. Tomando
banho vestido o medo era da piranha e ninguém se atrevia a entrar nas águas do
rio com um ferimento de sangue que atraísse o peixe. E uma delas me meu uma
mordida no dedo quando tentei desenganchar a miúda do anzol. A gente tinha que
botar um arame que ligava o anzol à linha, pois do contrário ela comia a isca
com anzol e tudo, cortando a linha com os dentes afiados. Mais o peixinho dos
dentes ameaçadores quando frito no azeite de coco babaçu era uma iguaria que
sinto saudade e água na boca. A expressão “boi de piranha” já me dava medo,
imaginando o boi que seria sacrificado ao cardume para que a boiada pudesse
atravessar o rio. Pois não é que descobriram agora uma nova espécie de piranha
na Amazônia? E, pasmem, a bicha é vegetariana, só come o capim mergulhado nas
águas com a mesma voracidade de seu parente carnívoro. Ela tem até nome latino:
“Tometes camunari” e foi achada no Rio Trombetas no Pará. Fiquei comigo
imaginando, e se o Rio tem o nome por causa das trombetas alucinógenas, flor de
árvore com que se fazia chá nos anos 1970? Vai ver que as piranhas comeram a
flor e ficaram doidonas, comendo capim na larica.
2.
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Fui ver “Gravidade”, filme em 3D, porque
um amigo comentou que era um filme espetacular, uma espécie de 2001 da
modernidade. Não gostei. Foi o meu primeiro 3D. Mas confesso que não fiquei
encantado. A tecnologia do filme é louvável. Cenário, a falta de gravidade,
mesmo com um capacete descomunal para a gente saber quem são os dois atores.
Mas a Bullock de calcinha e camiseta na nave soa inverossímil. O 3D não me foi
surpresa. Eu já o conhecia desde quando morei em Codó. A lojinha que vendia gibi recebeu, certa feita, uma
revistinha colorida que era acompanhada de um óculos de papel crepom com um
olho azul e outro vermelho. Os desenhos da revista eram borrados e a gente não
conseguia ler. Tava tudo embaralhado. Parecia que a revista tava com defeito.
Quando a gente botava os óculos as coisas iam pro lugar parecendo ficar em três
dimensões. Alguém aí se lembra destas revistinhas? Eu, que era alucinado por
quadrinhos, lembro bem. Não pegou. É essa a tal tecnologia da modernidade. Tire
os óculos e a tela vira a minha revistinha da infância. Interessante terem recuperado
um truque antigo. Claro que com as novas tecnologias de filmagens, os objetos
passeiam na sala de cinema. Mas o filme não se sustenta só com o truque. A
mocinha escapa do perigoso espaço sideral, usando até um extintor para fazer
manobras perigosas para quase morrer afogada no final. Ridículo. Não tem a
menor importância contar o final, o filme não tem um argumento consistente.
Faltou um ataque de piranhas. Vai ver que as piranhas em 3D preferem alface.
3.
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Uma equipe americana
tá fazendo um filme sobre a infância e juventude de Pelé. Já acharam o pai do
jogador que vai ser interpretado por Seu Jorge, o cantor que mora atualmente
nos Estados Unidos. Estavam procurando um garoto de 17 e outro de 5 anos que falassem
inglês como o seu Jorge e vivessem o rei do futebol de criança até a copa de
1958. Dois pretos pobres da periferia falando inglês. Não acharam. Os dois
selecionados estão tendo aula de inglês para algumas falas no filme. Acontece
que o filme é americano e em cinema americano todos falam a língua deles.
Lembram dos filmes bíblicos da Metro, onde Moisés já falava inglês? Tô doido é
para assistir o “Cine Hollyúdy” que é todo falado em cearês e tem legenda até
para os outros estados do Brasil. Nóis aí do lado vai entender tudim. Agora a
rapaziada do sul maravilha que confira a tradução. Nós também já fala em
ingrês, homi de Deus. Quando o caba diz “donde tu rái”, “donde tu rém”, num soa
ingrês purim? O Falcão jura que fala. E vai ver que essa piranha vegetariana é
uma experiência de Hollywood pro peixe trabalhar em filme americano. Né não,
macho réi?
2 comentários:
Ainda bem, Edmar, que você falou "donde tu rái", que se uma pessoa me chama " rão bóra", eu na minha carioquice já ia logo perguntar "mermo?"; uma perdição esse nordestinês.
Lelê
Acho que o que eu gostaria de experimentar mais do que isso é o prato de salada, espero que em algum momento você pode desfrutar de uma salada especial e pronto para mim, então eu vou encontrar onde você pode comer no site restorando
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