As pessoas quando ouvem alguma
coisa que não entendem dizem ele está
falando grego. Engraçado. Pois é. Todo mundo no ocidente fala grego, e é
entendido. A maioria não sabe que esta falando grego. Mas, as palavras que
pronunciamos em nosso cotidiano, no geral, quando não são de origem latina, são
de origem grega. Vejamos este trecho de Leminsky:
“O
imaginário greco-latino impregnou de tal
forma a vida do ocidente que nem notamos
quando recorremos a ele. ‘jovial’ quer dizer ‘de jove’, isto é de Jupitar. ‘Veneno’,
de Venus, é, na origem, uma poção mágica amorosa. Da mesma origem, ‘veneno’ e ‘venéreo’.
’Hermético’ é coisa do deus Hermes, o deus sagaz, senhor das interpretações.
Nossa linguagem corrente está
coalhada de alusões ao mundo do
mito grego.”
Isto é
apenas uma mostra. Mas tem muita mais. E se fossemos citar encheremos a pagina
inteira. O cinema a literatura, as histórias em quadrinhos se encarregaram de
popularizar a mitologia grega. Até os cordelista se alimentam de sua substância,
juntamente com o universo católico de santos e demônios. A mitologia grega tem
atravessado os séculos, é bem mais antiga que o cristianismo. Que de certo modo
via Platão bebeu na cultura grega: Zeus e Iesus. Não deixam de ser nomes
parecidos. Marx, filosofo, economista e historiador de vasta cultura, não
conhecia apenas os clássicos da literatura ocidental. Estava, também, familiarizado, com a
mitologia grega. O seu herói predileto, era Prometeu aquele que roubou o fogo
do céu desafiando a ira do pai dos
deuses, e proporcionando ao homem um salto na história da civilização. Freud
foi outra grande figura que se valeu da mitologia grega descobrindo arquétipos
para o estudo do subconsciente. Eis o que ele diz. “Foram os poeta e filósofos
muito antes de mim que descobriram o inconsciente. O que eu descobri foi o
método científico pelo qual o
inconsciente pode ser estudado”.
Bendita mitologia que começou com a oralidade e que fertiliza a
imaginação dos poetas. Livros, tais como
a Iliada e a Odisséia, são eixos básicos para qualquer estudante de literatura
que se proponha a uma viagem pelo mundo do imaginário grego. Mas não fica
apenas por aí. Todo teatro grego, o que sobrou, é uma fonte de inspiração para
os modernos. E todos nos conhecemos as ricas metáforas nascidas da fabulação
grega. Como, por exemplo: presente de grego. Cavalo de Troia. Troiado.
Só indo à Grécia amigo, subindo a
Acrópole, visitando o monte Olimpio. E
para deleite tagarelar com os deuses e ouvir
as suas histórias, que são inumeráveis. E também dando nuvens a imaginação,
pode-se encontrar com Sócrates na hora em que ele bebeu cicuta, ver
Platão, por ali escrevendo o Banquete. Aristóteles escrevendo a sua Poética. Narciso
caindo dentro de uma fonte e se transformando em uma flor. Cupido fazendo suas
brincadeiras de amor com arco e flecha. Medusa, monstruosa, com suas serpentes
na cabeça. Edipo decifrando o enigma da
esfinge, que desesperada se lança ao abismo. Arquimedes saindo da banheira e
correndo nu em pêlo, pelo meio da rua gritando. Eureka. Eureka.
Heraclito dizendo ninguém toma banho duas vezes no mesmo rio O conhecimento da
mitologia grega é inesgotável porque tem como alavanca a imaginação. E se
alimenta de sua própria metamorfose fecundando novos textos literários.
Do centauro Quirão deriva a
palavra quiromancia, leitura das mãos, magia, e daí surge o termo cirurgião,
cirurgia, quem tem habilidade com as
mãos para operar pessoas e animais. Grego. Quase tudo é grego embora nem todo
mundo entenda. Caligrafia, por exemplo, quer dizer, escrever com letras bonitas,
grafar, grafite.
Mas para fechar a cortina deste
pequeno passeio pelo mundo grego nada melhor do que se lembrar dos poetas
trágicos: Esquilo, Sófocles e Eurípedes, e também do comediante Aristófanes. E
de Plutarco um dos primeiros biógrafos da antiguidade. Graças a mitologia grega
temos hoje uma literatura excelente expressada
e derivadas do étimo grego e latino. Pois toda literatura nasce do mito e da
lenda. E para citar mais uma vez Leminski: “Fatos não se explica com fatos,
fatos se explicam com fábulas. Daí a necessidade da narrativa com todo o seu potencial
profético e protéico da qual não
passamos de meros personagens cada qual perdido no labirinto de seu enredo
tentando matar o Minotauro que foi morto por Teseu”.
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