domingo, 18 de março de 2012

Un coup de dés jamais n’abolira le hasard


Escrevo
pra saber o que dizer,
na esperança,
acredito, 
de que o galope das palavras
dirá
o a ser dito.

Não colho palavras: cavo.
E não me iludo, por inútil.

Assim, sem rumo,
no escuro,
apenas escancaro a porta.
E que o verbo 
ache seu prumo.

Nada disso, minto:
palavra alguma revela
exatamente o que sinto.

Sem pretender a clareza,
escrevo na claridade,

pois as palavras mais claras
são de todas as melhores
pra esconder a verdade. 

(Paulo José Cunha)

Nenhum comentário: