domingo, 9 de janeiro de 2011

Patti Smith



A cantora Patti Smith e o fotógrafo Robert Mapplethorpe em Coney Island, Nova York, em foto tirada em setembro de 1969
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Paulo Amaral, como eu, gostava da Patti. Nem sei se propriamente pela música, mas pelo conjunto. Nunca achei Horses tão bom quanto a matéria abaixo delega. Patti é pequeninha, andrógina (Ginsberg a paquerou, pensando que se tratava de um garoto). Sua vida - além dos poemas e discos bissextos produzidos - foi cuidar de homens: primeiro o ótimo fotógrafo Mapplethorpe, a quem acompanhou até os últimos momentos, definhando de Aids; depois veio o marido, que morreu aos poucos, de câncer; por fim sobraram-lhe os três filhos pequenos, aos quais criou sozinha. No livro Só Garotos conta a fase em que conheceu Map. Como ela, Map chegara do interior, sem um puto, rejeitado pela família, para tentar a vida em New York. Moraram juntos, foram amantes (sobretudo amigos), conheceram as pessoas juntos, aprenderam as coisas juntos. Foram muito próximos, até o fim (de Map). Ambos aguerridos, de origem humilde, interiorana, muito batalhadores e audaciosos (principalmente Map). Patti sempre me lembrou Cristina (Brasília), pela batalha e maneira positiva de ver a vida. Figurinhas brilhantes (Patti e Map). O livro, além do que diz respeito aos dois, tem como pano de fundo o que rolava no período em que se conheceram. Principalmente do Hotel Chelsea, onde moraram na mesma época que Janis Joplin, Hendrix e outros, ainda no início das respectivas carreiras.
Abraços e boa virada de ano.




(Aderval Borges)




Patti Smith declara seu amor por Robert Mapplethorpe em livro de memórias
Fonte: Folha.com (22/12)

Quando "Só Garotos" venceu o National Book Awards há dois meses, a primeira coisa que a autora do livro pensou foi: "Que ótimo! Assim, muito mais gente vai conhecer o verdadeiro Robert!".
Cantora de rock, poeta, ícone cultural desde a década de 1970, a norte-americana Patti Smith levou 20 anos para terminar esse livro de memórias. Cumpriu assim uma promessa feita ao fotógrafo Robert Mapplethorpe feita poucos dias antes de sua morte, em 1989, em decorrência de Aids.
O casal se encontrou por acaso em Nova York, no verão de 1967, dois garotos pobres, muito pobres, mas com muita vontade de fazer arte. Ela escrevendo e desenhando. Ele pintando. Viraram nomes fundamentais para entender a arte norte-americana no século passado.
Em entrevista à Folha, Patti recordou seu namoro, e depois amizade, com o polêmico Mapplethorpe, fotógrafo de muitas fases mas habitualmente associado a suas séries de imagens de sadomasoquismo.
Ela lamenta não ter a posse de mais trabalhos da dupla. "Muita coisa está em museus e galerias. Eu tenho alguma coisa dessa época, não são muitos. Trabalhos foram perdidos, roubados, outros destruídos. Mas guardo muitos cadernos de anotações, poemas..."
Escrevendo sempre à mão, preencheu milhares de páginas para chegar ao livro. Hoje, acha graça de ter perdido um dos cadernos durante a preparação do material.
"Tive de reescrever o que estava ali. Semanas depois, achei o caderno perdido e vi que os dois estavam praticamente iguais. Foi incrível. Naquele momento eu ganhei a confiança que me faltava, vi que eu realmente tinha a história na minha cabeça.
Disciplinada, escreve todos os dias, mesmo agora, quando prepara seu novo álbum, o décimo de material inédito numa discografia iniciada em 1975, com o hoje clássico roqueiro "Horses".
"Escrevo sempre, desde que me lembro. Quando terminar de gravar o disco, é natural que eu trabalhe mais nas minhas anotações recentes. Preciso reler muita coisa para saber se ali tem algo que eu deva me esforçar para melhorar e talvez publicar. "
Ela diz não ter prazos nem para o disco nem para outros livros. "Tenho meu ritmo e preciso respeitá-lo."

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