O chamado Projeto Ficha Limpa que propunha impedir os políticos condenados pela justiça a pleitearem nova eleição, após um intenso clamor popular, campanha pela Internet, destaque na mídia, finalmente exigiu uma resposta dos políticos. Passou na Câmara, mas empacou no Senado. Sujou! Os políticos, em causa própria, mudaram o tempo do verbo para escaparem da inelegibilidade. Onde se lia “os que tenham sido condenados”, foi aprovado, pelos ilustres senadores, na redação definitiva de “os que forem condenados”, tentando levar para o futuro o conteúdo do projeto que tiveram a obrigação de apreciar por exigência da opinião pública.
Suas Excelências, Digníssimos Filhos da Puta, usaram o velho e bom português para, no puteiro de suas falcatruas, iludir a pobre e ignara opinião pública, que no seu clamor os obrigaram a examinar a questão. Mas só aceitaram pensar na idéia no “futuramente”, nunca no “pratrásmente”, que os nobres e espertos senadores, acham que podem fazer o que querem com os eleitores, já que a memória destes é muito curta.
Eu, por mim, acho que nem precisava dessa lei, bastava aplicar a lei do mercado: tenta arranjar um emprego, mesmo que público, com a ficha suja: Necas de pitibiriba! Por que num emprego no qual o concurso é “lábia de enganar trouxa” pode? Eleito aqui tem relação com eleitos de Deus, povo eleito ou coisa assim? Não pode, não pode! Qualquer Zé Mané não pode ter emprego com ficha suja, porque qualquer Jorge Babu pode?
Entretanto parece que a esperança ainda resta na lei que rege os eleitos. É verdade que a maioria de Suas Excelências Trambiqueiros não terá sido bom aluno na escola, o que já é um motivo de tentar uma eleição para ficar bem de vida. Sendo assim, os entendidos na gramática da nossa difícil língua estão alegando que na sentença “são inelegíveis os que forem condenados” o “condenados” da frase tem função de adjetivo e o “forem” é um verbo de ligação que anuncia a ação no passado e/ou no futuro. Se assim for, os Digníssimos Canalhas podem ter caído numa armadilha da nossa língua traiçoeira, para nossa sorte.
Eu, por mim, não tenho dúvidas. Não por entender dos subterfúgios lingüísticos, mas por vivência da minha meninice lá no nordeste. Num bando de meninos que estava à toa sem fazer nada, quando um ia mijar provocava a tropa com um – “Sigam-me os que forem brasileiros”, parafraseando uma convocação atribuída a Osório na Guerra do Paraguai. E o “forem” aqui valia pra quem já era, no passado. Não se estava convocando ninguém no futuro. Embora valesse também ao pé da letra do verbo para o futuro se nascesse naquele momento mais um brasileiro.
Meus Nobres e Digníssimos Senadores:
- Concordam com o argumento os que não forem filhos da puta? Pratrásmente e prafrentemente. Falei!
Um comentário:
bom comeco
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