Esteve em debate recente na câmara Municipal de Campo Maior proposta de homenagem a Bernardo de Carvalho Aguiar que para o colonialismo é um herói e também para os ainda colonizados intelectualmente. Tal herói é apontado como o fundador de Campo Maior tese defendida por pessoas que se autoproclamam historiadores sem nunca pisarem num curso de história na Universidade.
Sobre ser o fundador tudo bem. Mas, precisa-se ostentar como foi esta fundação. Vejamos: Bernardo era um entradista/bandeirante e para “entrar”, diga-se, invadir as terras dos povos nativos era preciso fazer o que o professor de história (da UFPI) Fonseca Neto põe como “extermínio e subjugação dos povos nativos...” (Cepro, 2004). Nisso as populações eram dizimadas a “ferro e fogo” (Dobal) criancinhas eram transpassadas com espadas e / ou devoradas por cachorros a serviço dos “entradistas”. Pense! Exatamente neste local em que você lê este pode ter sido lugar da prática genocida em favor dos interesses colonialistas a quem Bernardo Aguiar servia. Lá no local de origem dele. A Europa seria o lugar de se botar estátua dele, afinal foi pra lá que ele deu lucro, inclusive (arregimentando) fiéis para a religião oficial do colonialismo.
Agora, cá pra nós que embora tenha-se “olhos azuis” etnologicamente temos sangue Indígena e Africano, ele é herói? Os que acham é porque ainda são colonizados pelo Europeismo. Precisam se reciclar.
Especialistas em história hoje procuram vê/mostrar os “enes” lados dos fatos: cara e coroa. E apontam que quem vê Bernardo como “HERÓI?” só vê o lado da coroa (Portuguesa católica) de então. Isto é, continuar colonizados.
Ainda hoje face ao colonialismo das “cabeças” há quem rotule os nativos de preguiçosos e furtantes. Ora, eles viviam em seus domínios em perfeita harmonia com o meio natural e de repente os Bernardo de Carvalho da vida lhes tomam casa, parentes e tudo, só lhes restando vim tentar readquirir seus domínios/alimentos etc. Daí surge a literatura Europeísta os adjetivando disso e daquilo, ainda reproduzida por leigos portadores de intelecto colonizado. Vê um invasor como herói é reproduzir a imposição do colonizador. Logo, quem assim o faz continua colonizado. O professor JOTA no livro HISTÓRIA DO PIAUÍ (de uso nos vestibulares e faculdades) assevera: “o povoamento do branco foi o despovoamento do nativo” (2003, p.19).
Pe. Cláudio em Primórdios de Nossa História, (UFPI, 1983) faz um monumental trabalho sobre Campo Maior nos tempos de Colônia. Porém quando narra Bernardo (Bernardo de Carvalho, UFPI, 1988) reproduz a visão do colonizador católico ao heroizá-lo. Consta que instalou a fazenda BITOROCARA: uma espécie de quartel-general das intenções de destruição (para não usar outro termo) dos humanos nativos. Na linha do compromisso daqueles tempos o escritor Elmar Carvalho poetisa Bernardo pedestando-o de “El pacificador”??? Talvez com base nos termos de Cláudio Melo.
O “Europeísmo” tinha como pilar evidenciar só a história “oficial” de um lado. No caso a do vencedor/invasor/colonizador. Padre Cláudio vem daí e El Pacificador também já H. Dobal não se autocolonizou-se quando litera João do Rego Castelo Branco — O El matador.
A história é uma ciência social não uma narrativa de endeusar/endiabar quem quer que seja. Grupo história(s).
FONTE: 180ºgraus.com/coluna campo maior. Acesso em 15/11/07.
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O pessoal de Campo Maior mandou esse manifesto por ter me manifestado contra o Bernado matador de nós. Nota do grupo:
O GH é uma confratenidade filosófica de graduandos/ graduados em história."
5 comentários:
Olá, Edmar, o Netto fala muito de você e já tinha me mandado seu Piauinauta.
Dr. Castanho não teria sido também interessante se esse material tivesse sido enviado para a nova e badalada tribuna da nossa Campo Maior? Falo do sensacional blog do meu amigo João de Deus Netto.
Abraços e voltarei por aqui.
Conterrâneo Edmar,
O Bitorocara publica tudo que for interessante para divulgação da nossa terra, basta ver nos comentários a variedade de pensamentos às vezes até engraçados. Isso aí, dessa sociedade dos historiadores mortos, deve ser porque eles nunca tiveram a idéia de fazer algo no gênero. Ainda é tempo e eles são do metiê. O tal Bernardo, como todo bom desbravrador, botou pra lascar e fornicar em tudo que via pela frente, mesmo. Não esqueçamos de que os padres na época faziam(?) também duas coisas: evangelizar os índios e comer as índias.
Abraços.
Os estoriadores tão é com inveja de duas coisas, não ter um blog como o Bitorocara e porque na época eles não tavam lá pra fazer saliência com as índias gostosas.
Sou piauiense e moro em Sobradinho e vejo tudo que fala sobre o Piauí e minha Campo Maior. Seu blog me foi mandado pelo Netto.
Valeu dr. Edmar.
Os caras e as minas de hoje realmente estão vendo uma verdadeira História de ACORDAR POVO. É isso aí vamos discolunizar a cabeças, as literaturas, os Blogs. Essa é a geração Lulão da Silva.
Depois gente abre arautamente a oca e diz que não somos uma sociedade preconceituosa. O que uma pessoa indígena vai pensar em pleno século 21 que alguém defenda o que foi feito com esses sábios povos. Até justificam a formicação. O engraçado é rezam e dizem que são cristãos. Peraí alguém sabe de uma obra que calcule todas oa mortes provocadas pelo cristianismo? Né Silveira, hem Damasceno. O Netto é outro de mentalidade colonizada coitado.
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