Paulo José Cunha
"naquele tempo
a cidade ria
e acolhia o delírio de seus doidos de estimação
zé honório jaime-doido paca-preto nicinha
manelavião joaninha dondon
doidos respeitados e queridos
doidos mansos
bem assentados
na sala de minha avó
comendo pão com café
e contando histórias fabulosas"
..........
"e foi deste sangue
deitado no chão
de são pedro a jerumenha
pelas bibocas de morros
e brocotós de serras
que se moldou uma nação
agora apascentada
uma nação
de homens simples
mulheres de voz alta
e poetas suicidas
e miram-me desde ontem
os matutos rebeldes do jenipapo
os seus cajados e foices
machados e lazarinas
facões de arrasto e coragem"
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Estes dois fragmentos acima foram retirados de "Perfume de Resetá", uma poesia épica que conta a estória afetiva da Nação do Phyauí. O livro, em edição primorosa da Oficina da Palavra do mestre Cinéas, contém as lembranças de nós piauizeiros, de um tempo já perdido que só na memória pode reativar a existência legítima de todos nós. Digo que, por obrigação, o povo da nação de Mandu tem de ir ao encontro do seu passado nas deliciosas páginas deste livro. Leitura obrigatória. Quero agradecer ao meu irmão Paulo José por fuxicar minhas memórias e fazer sangrar os olhos da emoção. (Edmar)
Um comentário:
Aromoso esse perfume...
Muito bom o escrito...
parabéns Paulo.
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