quinta-feira, 30 de julho de 2009

Perfume de Resedá

Paulo José Cunha



"naquele tempo

a cidade ria

e acolhia o delírio de seus doidos de estimação

zé honório jaime-doido paca-preto nicinha

manelavião joaninha dondon

doidos respeitados e queridos

doidos mansos

bem assentados

na sala de minha avó

comendo pão com café

e contando histórias fabulosas"



..........



"e foi deste sangue

deitado no chão

de são pedro a jerumenha

pelas bibocas de morros

e brocotós de serras

que se moldou uma nação

agora apascentada

uma nação

de homens simples

mulheres de voz alta

e poetas suicidas



e miram-me desde ontem

os matutos rebeldes do jenipapo

os seus cajados e foices

machados e lazarinas

facões de arrasto e coragem"



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Estes dois fragmentos acima foram retirados de "Perfume de Resetá", uma poesia épica que conta a estória afetiva da Nação do Phyauí. O livro, em edição primorosa da Oficina da Palavra do mestre Cinéas, contém as lembranças de nós piauizeiros, de um tempo já perdido que só na memória pode reativar a existência legítima de todos nós. Digo que, por obrigação, o povo da nação de Mandu tem de ir ao encontro do seu passado nas deliciosas páginas deste livro. Leitura obrigatória. Quero agradecer ao meu irmão Paulo José por fuxicar minhas memórias e fazer sangrar os olhos da emoção. (Edmar)

Um comentário:

Ana Cecília disse...

Aromoso esse perfume...
Muito bom o escrito...

parabéns Paulo.