quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Lucídio Freitas

Aos manutendores de relações afetivas com a terra,
queridos conterrâneos,

Em janeiro de 2006 estive no planeta. Açaí, como sempre, dono de uma gentilidade dos gentios me presenteou com vários livros e discos que rolaram na minha ausência. Topei com um livreto miúdo de Zózimo chamado "Sociedade dos Poetas Trágicos" e, dentro dele, com este poema que reproduzo abaixo. Foi assustador pra mim, que estou longe, a Teresina se esvaecendo na morte do poeta... Muito trágico, mas belo! Imagine um piauinauta dando de cara com Lucídio no infinito. É como se nos afastássemos da nave mãe do sertão com o risco de não voltar... (Edmar)



Teresina apagou-se na distância,
Ficou longe de mim, adormecida,
Guardando a alma de sol da minha infância

E o minuto melhor da minha vida.

E eu sigo, e eu vou para a perpétua lida.
Espera-me, distante, em outra estância...
É a parada da luta indefinida,
É a febre, minha dor, minha ânsia...

Como são infinitos os caminhos!
E como agora estou tão diferente,
Carregado de angústias e de espinhos!...

Tudo me desconhece. Ingrata é a terra.
O céu é feio. E eu sigo para a frente
Como quem vai seguindo para a guerra...


Lucídio Freitas, 1921, ano da morte do poeta aos 27 anos

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