domingo, 21 de fevereiro de 2016

O Mosquito e Alexandre


(Geraldo Borges)

            Um grande general da antiguidade clássica, que conquistou  todo o mundo bárbaro e civilizado, discípulo de Aristóteles,    apelou ao  filosofo para que estabelecesse uma nova filosofia em que seu discípulo Alexandre fosse  coroado deus de um novo  Panteão. Essa mosca azul nasceu no trapézio de seu cérebro a medida que as suas conquistas geopolíticas iam se acumulando.  Mas, por ironia do destino, quando ele estava no auge de suas conquistas, com um simples voa rasante e uma picadura de um mosquito saiu de cena. Não houve armadura de bronze que o impedisse do golpe fatal. Façamos uma pequena digressão, e deixemos o general Alexandre enterrado na arqueologia do tempo.

            Quando cheguei à Teresina no século passado não havia chuveiro nas casas, nem caixa d’ água. Havia apenas  tanque  no quintal, no qual a gente tomava banho de cuia. Lembro-me que havia alguns peixes miúdos dentro do tanque, serviam para não deixar as larvas dos mosquitos crescerem  e criar asas e peçonhas. Havia, também o mata-mosquito, funcionário da saúde, que entrava, de casa em casa, esquadrinhando,  com uma lanterna acessa, o fundo dos potes  cheios de água. Pouca de consumo. O básico. Boa parte da economia era de subsistência. Não havia tanta garrafa pet  e tanto pneu em terrenos baldios.  E nem tanta extravagância e desmantelo em nossa sociedade. Nem muito menos cacos de  vidros em cima de muros. E  a água escorria bem quando chovia. Estamos em guerra serrada com o mosquito Aedes  Aegypti. A palavra  Aedes vem do grego  e quer dizer, desagradável, enjoado, nauseante. Bota nauseante nisso.


Alexandre Magno  deve estar satisfeito. Descendentes culturais  de seu  império tomamos as  suas dores, e revidamos  a desfeita. A  sua morte pela ridícula picadura de um mosquito. As forças Armadas,  num espetáculo magnífico  aponta as suas ogivas    para os mosquitos, juntamente com a mobilização do povo. Nunca os civis e militares estiveram tão unidos na luta  pela saúde da família brasileira.  O problema e se perdermos essa guerra. E o Brasil ficar entregue as moscas.   Os  mortos e feridos serão  contador depois.





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