(Geraldo Borges)
Um grande general da antiguidade
clássica, que conquistou todo o mundo
bárbaro e civilizado, discípulo de Aristóteles, apelou
ao filosofo para que estabelecesse uma
nova filosofia em que seu discípulo Alexandre fosse coroado deus de um novo Panteão. Essa mosca azul nasceu no trapézio
de seu cérebro a medida que as suas conquistas geopolíticas iam se acumulando. Mas, por ironia do destino, quando ele estava
no auge de suas conquistas, com um simples voa rasante e uma picadura de um
mosquito saiu de cena. Não houve armadura de bronze que o impedisse do golpe
fatal. Façamos uma pequena digressão, e deixemos o general Alexandre enterrado
na arqueologia do tempo.
Quando cheguei à Teresina no século
passado não havia chuveiro nas casas, nem caixa d’ água. Havia apenas tanque no quintal, no qual a gente tomava banho de
cuia. Lembro-me que havia alguns peixes miúdos dentro do tanque, serviam para
não deixar as larvas dos mosquitos crescerem e criar asas e peçonhas. Havia, também o mata-mosquito,
funcionário da saúde, que entrava, de casa em casa, esquadrinhando, com uma lanterna acessa, o fundo dos
potes cheios de água. Pouca de consumo.
O básico. Boa parte da economia era de subsistência. Não havia tanta garrafa
pet e tanto pneu em terrenos baldios. E nem tanta extravagância e desmantelo em
nossa sociedade. Nem muito menos cacos de
vidros em cima de muros. E a água
escorria bem quando chovia. Estamos em guerra serrada com o mosquito Aedes Aegypti. A palavra Aedes vem do grego e quer dizer, desagradável, enjoado,
nauseante. Bota nauseante nisso.
Alexandre Magno deve
estar satisfeito. Descendentes culturais
de seu império tomamos as suas dores, e revidamos a desfeita. A
sua morte pela ridícula picadura de um mosquito. As forças Armadas, num espetáculo magnífico aponta as suas ogivas para
os mosquitos, juntamente com a mobilização do povo. Nunca os civis e militares
estiveram tão unidos na luta pela saúde
da família brasileira. O problema e se
perdermos essa guerra. E o Brasil ficar entregue as moscas. Os mortos e feridos serão contador depois.
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