(Geraldo Borges)
Eu moro
na Rua Rio de Janeiro que nasce na Avenida Duque de Caxias, e depois de uma subida não
tão íngreme desce e morre na Rua Magalhães Filho Faz parte de um conjunto de
ruas que têm nome de estados, está paralela a antiga Rua Bahia, que, hoje atende pelo nome
de Petrônio Portela. Não sei se vão também batizar a Rua Rio e Janeiro com o
nome de algum político da moda. Às vezes pega, nem sempre. Os correios cuidam
disso, juntamente com seus antigos moradores. A Rua Rio de Janeiro tem a sua
história, fica no bairro Aeroporto, ou Primavera,
algumas correspondências chegam com o carimbo da Primavera outras do Aeroporto.
Em tempos bem antigos não passava de uma viela
mal iluminada, cheia de terrenos baldios e algumas quintas, e que aos pouco
foram invadidos e depois regularizados pela prefeitura.
Aos poucos os novos proprietários construíram novas
casas sob a orientação de arquitetos, engenheiros, mestres de obras, e do
operário que mete a mão na massa. A rua ficou completamente habitada. Certo que
ainda existem pequenas casas atarracadas, com apenas uma porta e janela, fundo
de quintal, sem garagem, calçadas desnivelada, com buracos. Mas, a maioria, são
modernas, habitadas pela classe media, com jardins, garagem, cachorros, cercas
elétricas, vigias, que fazem ronda e apitam. Antes das cercas elétricas usavam-se
cacos de vidro nos muros, e assim, o medo, refletia, e reflete na arquitetura
da cidade.
Pervagando a minha rua em direção
ao rio Poty, vou redescobrindo o seu mapa.
Do lado direito há um conjunto de
casas do IPASE, toda mais ou menos iguais. Do lado esquerdo, existem mansões
bem construídas, de mais de um andar, de portões fechados, campainhas, que
também podem ser chamadas de cigarras, interfone, empregadas domesticas, jardineiros,
piscinas, e quem sabe até mordomos. Nesse mesmo quarteirão encontra-se também
uma butique onde a especialidade é vestido de noiva.
Logo mais no outro quarteirão, do lado direito
ergue-se um condomínio, depois vem um
bar, que fica numa esquina.
Continuando a minha caminhada chego à casa de
dona Princesa. Trata-se de uma pessoa que deveria ser homenageada, pois foi uma
das pioneiras da venda de livro em Teresina. Se hoje existem várias livrarias na
capital do Piauí foi graças a ela, seus filhos e o velho Nilo, seu marido. Foi
na sua livraria que comprei os meus primeiros romances que me fizeram descobrir
um novo mundo. Defronte da casa de dona Princesa existe uma distribuidora de
bebidas vizinha à casa do meu amigo Santana, professor universitário. E que
cuida e uns pés de planta na frente de sua casa.
A rua
está repleta de carros correndo. Atravesso uma rua e pego outro quarteirão onde fica a Academia Paraguaçu, lugar onde as
pessoas vão curtir o corpo.
Do outro lado esta a casa de seu Venceslau,
com a sua oficina de sapateiro restaurador. Às vezes vou conversar com ele e
vejo que a sua freguesia é grande. Não é
careiro. E agora com a crise continua mantendo o preço de seus serviços.
Defronte de minha casa existe uma
fabrica de confecção. De tarde as operarias jogam retalhos dentro de sacos de plástico
no lixo. Algumas mulheres habilidosas pegam os retalhos, que são de muitas cores,
levam para casa, e fazem um trabalho de economia domestica com eles,
transformam-nos em lenços, toalhas, guardanapos, toalhas de mesa.
Da minha casa para o fim da rua
falta apenas um quarteirão, e é descida. Nele existe uma quitanda modesta, com
a porta gradeada por causa de ladrões, e um salão de beleza. Parece que é mais
ou menos isso. Abro o portão e entro. Bom.
Esqueci-me de dizer que tenho um sebo com livros novos e usados, e
algumas obras raras.
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